Reclusos fazem greve ao trabalho na cadeia de Pinheiro da Cruz

Situação perturba funcionamento de serviços na prisão, nomeadamente da cantina. Presos protestam contra restrições de tempo no uso do telefone e queixam-se da falta de condições para visitas íntimas.

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Paulo Pimenta

A cadeia de Pinheiro da Cruz, em Grândola, está a ser afectada por uma greve dos reclusos ao trabalho. O protesto começou esta sexta-feira quando 44 reclusos faltaram às suas funções em diversos postos de trabalho que desempenham naquela prisão nomeadamente na faxina da cantina e nas oficinas. A prisão tem cerca de 600 reclusos, metade dos quais estão destacados para trabalhar na produção de mel, vinho, suinicultura e vacarias.

Em causa, de acordo com fontes dos serviços prisionais, está um mal-estar causado pela restrição do tempo de uso do telefone pelos reclusos. Desde esta quinta-feira que a cabine telefónica da cadeia passou a ter instalado um sistema informático que automaticamente corta a chamada, fazendo com que este dure apenas cinco minutos. O sistema já está implementado em várias cadeias e será instalado em todo o sistema prisional. 

Os reclusos apresentaram ainda à directora da cadeia outros motivos de protesto, entre eles o facto de a prisão não ter condições para que recebam visitas íntimas. Queixam-se ainda dos atrasos na atribuição da liberdade condicional e das saídas precárias e dos serviços de saúde. Fonte dos serviços prisionais garantiu que aquela cadeia não tem médicos, apenas enfermeiros.

A situação causou alguma perturbação no funcionamento da cadeia já esta sexta-feira, tendo atrasado o fornecimento de refeições na cantina ao almoço e à noite os reclusos levaram a comida para as celas.  

Os reclusos contestam ainda os preços elevados dos bens que compram na cadeia. Em comunicado, a Associação Contra a Exclusão pelo Desenvolvimento, que tem um observatório do sistema prisional, indicou esta sexta-feira em comunicado que o protesto surgiu como “reacção aos contínuos abusos e atropelos às suas [dos reclusos] condições de vida dentro daquele estabelecimento prisional” dando ainda conta de que são “abusivos” os preços de produtos alimentares, lâminas de barbear e cartões de telefone.

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