Polícias viram de novo costas a mayor de Nova Iorque

Segundo funeral de agente marcado por novo protesto dos polícias que dizem sentir-se "sob ataque".

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Alguns polícias viraram as costas quando apareceu a imagem de Bill de Blasio nos écrãs Shannon Stapleton/Reuters

Muitos polícias viraram, de novo, as costas quando apareceu no ecrã o mayor de Nova Iorque, Bill de Blasio, para falar no funeral do segundo de dois polícias mortos no mês passado, apesar do pedido do chefe da polícia da cidade, Bill Bratton, para que não houvesse mais “acções de desrespeito”.

O funeral de Wenjian Liu, filho de imigrantes chineses, deveria ser o de um herói, e não servir para expressar desacordos, disse Bratton.

Mas muitos polícias, entre as dezenas de milhares que segundo o Washington Post assistiram à cerimónia, viraram ainda assim as costas a De Blasio, tal como tinham feito no funeral do parceiro de Liu, Rafael Ramos. Ambos foram atingidos a tiro por um homem armado no dia 20 de Dezembro.

O funeral de Ramos, sete dias depois, foi marcado pela atitude de centenas de polícias que viraram as costas quando o presidente da câmara falou. Os agentes estão ressentidos com expressões de simpatia do presidente da câmara por manifestantes contra a polícia.

“O mayor não tem qualquer respeito por nós”, disse Camille Sanfilippo, antiga detective agora na reforma, à agência norte-americana AP durante o funeral. “Porque deveríamos ter respeito por ele?”

Os dois polícias foram mortos por um homem que tinha publicado nas redes sociais um aviso de que ia matar polícias para vingar as mortes de negros desarmados (e que acabou por se suicidar depois da perseguição que se seguiu aos disparos).

O caso ocorreu quando houve uma série de manifestações após a morte de vários negros desarmados por polícias brancos, em especial os casos de Michael Brown, morto por vários tiros em Fergusson, no Missouri, e Eric Garner, morto após ser agarrado por um agente pelo pescoço, uma manobra proibida pela polícia de Nova Iorque.

Em nenhum dos casos houve acusação contra os polícias, o que levou a uma onda de indignação. Bill de Blasio, que tem uma mulher negra e dois filhos, veio dizer que teve de educar o seu filho para interagir com cuidado em interacções com a polícia. E anunciou um programa em que os agentes têm de usar camaras que gravem as suas acções para prevenir abusos.

Muitos na polícia acham que esta linha é de confronto com os agentes. “Parece que estamos sob ataque pelo país”, reagiu Patrick Yoes, de uma associação de polícias. “A mensagem é: somos agentes de serviço público. Não somos inimigos do público.”

E não se trata só do mayor de Nova Iorque. Segundo o Washington Post, responsáveis da polícia dizem que os agentes se sentem traídos pelo Presidente, Barack Obama, e pelo procurador-geral (equivalente a ministro da Justiça), Eric Holder, que pedem alterações nas tácticas usadas pela polícia.

Bratton, o chefe da polícia de Nova Iorque, disse, após o funeral de Ramos, que os agentes “sentem que estão a ser atacados pelo governo federal ao mais alto nível”.

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