Advogado de Sócrates defende liberdade para todos os envolvidos

João Araújo voltou nesta quarta-feira à prisão de Évora para um encontro de mais de duas horas com o ex-primeiro-ministro.

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Sócrates está detido há mais de um mês no Estabelecimento Prisional de Évora Pedro Nunes

O advogado do ex-primeiro-ministro José Sócrates, João Araújo, considerou nesta terça "uma perfeita indecência" a alteração da medida de coacção do ex-motorista João Perna, defendendo que todos os envolvidos na Operação Marquês deviam estar em liberdade.

O advogado do ex-primeiro-ministro José Sócrates, João Araújo, considerou nesta terça "uma perfeita indecência" a alteração da medida de coacção do ex-motorista João Perna, defendendo que todos os envolvidos na <i>Operação Marquês</i> deviam estar em liberdade.

João Araújo falava aos jornalistas à porta do Estabelecimento Prisional de Évora, onde visitou, durante cerca de duas horas e meia, o antigo chefe de Governo socialista.

Questionado sobre a alteração da medida de coacção do antigo motorista de Sócrates, João Perna, que passou, na terça-feira, de prisão preventiva para obrigação de permanência na residência com pulseira electrónica, o advogado de José Sócrates respondeu: "Vejo como uma perfeita indecência".

"Todos devemos estar em liberdade e aqui todos eles, José Sócrates, João Perna, todos nós devemos estar em liberdade. A liberdade é uma coisa demasiadamente séria para se tirar assim", realçou.

João Perna saiu nesta terça-feira do estabelecimento prisional anexo à sede da Polícia Judiciária, em Lisboa, e já se encontra em casa, no Samouco, concelho de Alcochete. O seu advogado, Ricardo Candeias, explicou que o cliente saiu da prisão porque o tribunal aceitou que o perigo de fuga "diminuiu consideravelmente, assim como o perigo de perturbação da prova", apelidando esta alteração como “uma grande vitória".

Perna passará o Natal e o fim de ano em casa, em prisão domiciliária com pulseira electrónica. A medida de coacção foi alterada na semana passada depois de o ex-motorista de Sócrates, indiciado pelos crimes de branqueamento de capitais, fraude fiscal e posse ilegal de arma, ter sido sujeito a um segundo interrogatório judicial, onde terá decidido colaborar com o Ministério Público.

Com a saída de João Perna da cadeia, José Sócrates e o empresário Carlos Santos Silva são agora os únicos dos quatro detidos no âmbito da chamada Operação Marquês que ainda se encontram em prisão preventiva.

Nesta quarta-feira, João Araújo disse ter-se deslocado a Évora para mais "uma visita de trabalho" com o ex-primeiro-ministro e admitiu estar a preparar novos requerimentos.

"Estou sempre a preparar requerimentos", respondeu ao ser questionado pelos jornalistas, mas ironizou sobre o seu conteúdo: "É sobre a chuva e o bom tempo", referiu.

“Desculpa aos jornalistas”
À saída da prisão, João Araújo referiu ainda que Sócrates “está melhor” do que ele e aproveitou a oportunidade para “pedir desculpa aos jornalistas, que não têm culpa da linha editorial dos eventuais pasquins que servem”.

“Quero pedir desculpa a qualquer um de vós que tenha maltratado. É injusto porque vocês não têm culpa da linha editorial dos eventuais pasquins que servem”, disse aos jornalistas que o aguardavam à porta do estabelecimento prisional, e a quem desejou depois um “feliz Natal”.

João Araújo foi a única visita que José Sócrates recebeu hoje na cadeia de Évora, onde se encontra em prisão preventiva há um mês. O antigo líder socialista está preso preventivamente no Estabelecimento Prisional de Évora por suspeita de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada, num caso relacionado com alegada ocultação ilícita de património e transacções financeiras no valor de vários milhões de euros.

Também o líder da bancada parlamentar socialista, Eduardo Ferro Rodrigues, visitou Sócrates na cadeia nesta terça-feira, tendo recusado fazer qualquer comentário sobre o encontro.

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