Há quase 180 mil pessoas à espera de cirurgia, apesar do aumento do número de operações

No primeiro semestre deste ano, os doentes tiveram que esperar mais três dias por uma operação do que no mesmo período de 2013, mas nos tumores malignos a situação melhorou.

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Foi nas cirurgias mais urgentes que a capacidade de resposta dos hospitais públicos piorou de forma mais acentuada Foto: PÚBLICO

O aumento de cirurgias verificado no primeiro semestre deste ano não foi suficiente para dar resposta ao acréscimo das necessidades neste país cada vez mais envelhecido. Parece um paradoxo, mas não é: há mais pessoas a aguardar por uma intervenção cirúrgica (eram 179.533 em Junho passado), apesar dos hospitais públicos estarem a operar mais doentes. Em síntese, esta é a principal conclusão a retirar do último relatório divulgado pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) sobre a actividade cirúrgica programada no primeiro semestre deste ano.

Entre Janeiro e Junho, a  lista de espera para cirurgia aumentou 6,7% face ao período homólogo do ano passado, lê-se no relatório, que acrescenta que a mediana de tempo cresceu também ligeiramente neste período (mais três dias). Isto aconteceu porque o número de entradas na lista de espera aumentou e o acréscimo no total de operados (mais 1,6%, ou seja,  4540 doentes) não chegou para aliviar o problema.

Seja como for, sublinha a ACSS no documento divulgado esta quarta-feira, a percentagem de utentes que ultrapassaram o tempo máximo de resposta previsto na lei tem vindo a diminuir ao longo dos anos, situando-se nos 11,7% no final de Junho.

Nos indicadores mais sensíveis, os que dizem respeito aos tumores malignos, há boas notícias, segundo a ACSS, que frisa que “na sua generalidade melhoraram”. A lista de espera para cirurgias nas neoplasias malignas diminuiu 2,7% no primeiro semestre  deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado e o tempo de espera estava nos 21 dias.  Mesmo assim, e apesar de a situação ter melhorado face a 2013, como o tempo de espera máximo previsto na lei para estes casos é naturalmente mais curto do que nas outras patologias, ainda era significativa a percentagem de doentes que aguardavam demasiado, quase um quinto do total (19,9%).

No resumo com a sua interpretação do manancial de dados enviados ao final da tarde à comunicação social, a ACSS destaca o aumento no acesso à actividade cirúrgica, traduzido no crescimento do número de doentes operados. Nota ainda que, “através de uma gestão mais equitativa da lista de inscritos para cirurgia, que tem vindo a registar maior número de inscritos, foi possível  reduzir de forma significativa o número de utentes com mais tempo de espera e os mais prioritários, em particular na área oncológica”.

Nos tumores malignos, a ACSS frisa que a actividade cirúrgica global cresceu 2%, e que foram operados mais 457 doentes, no primeiro semestre deste ano face a igual período de 2013. Ao mesmo tempo, adianta que as patologias malignas da próstata e da bexiga, bem como as da cabeça e do pescoço, são aqueles em aquelas em que se observam os valores mais elevados da percentagem de casos que ultrapassam os tempos máximos previstos na lei (28%, 25% e 21%, respectivamente).

 

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