Problema informático "encrava" vinte mil candidaturas a bolsas de estudo no superior

Serviços de Acção Social tiveram que suspender análise de cerca de vinte mil processos porque não têm acesso aos dados. Governo garante que o problema está a ser resolvido e não afecta pagamento de bolsas já aprovadas.

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Nélson Garrido/ Arquivo

Os Serviços de Acção Social (SAS) das instituições de ensino superior públicas estão, há uma semana, sem conseguir analisar as candidaturas de estudantes a bolsas de estudo. Um problema no servidor informático usado pelo Ministério da Educação e Ciência (MEC) fez desaparecer milhares de documentos que foram submetidos pelos estudantes de modo a comprovar que cumprem os requisitos necessários a receberem este apoio do Estado. A tutela garante que a situação está a ser resolvida.

O problema começou a notar-se na passada quinta-feira, 11 de Dezembro, e desde então ainda não foi ultrapassado. “Não conseguimos aceder aos documentos das candidaturas”, conta ao PÚBLICO um administrador dos SAS de uma universidade públicas. “Não estamos de braços cruzados, porque há mais serviço que temos que resolver, mas as análises dos processos de bolsas estão suspensas”, confirma outro responsável.

O “apagão” não afectou as informações de candidatura, pelo que a formulação de novos pedidos ou o pagamento das bolsas de estudo já atribuídas não foi afectada. O problema está no arquivamento digital dos documentos como comprovativos de rendimentos, informação fiscal ou académica dos alunos, que são necessários para a análise dos processos sobre os quais ainda não há decisão. Esses dados não são encontrados no sistema, pelo que a avaliação das de cerca de vinte mil candidaturas está comprometida enquanto não forem recuperados.

O MEC confirma que “um dos módulos do sistema de gestão das bolsas de estudo está temporariamente inoperacional”, sem explicar os motivos da situação. A tutela garante também que já estão a ser realizadas as “operações de manutenção” no sistema necessárias à reposição dos documentos, mas não avança uma data para a reentrada em funcionamento do sistema.

Até ao momento foram submetidos 85.191 pedidos de bolsas de estudo. Apesar de o processo de análise estar praticamente terminado em instituições como as universidades do Porto, Minho e Trás-os-Montes e Alto Douro, onde há decisões para mais de 80% dos processos, há instituições como as universidades do Algarve, Coimbra ou Nova de Lisboa em que só 45 a 55% dos processos já têm decisão. São estes os casos que estão a ser mais afectados pela paragem forçada na análise dos processos.

Até ao final do mês passado tinham sido deferidos 39.831 pedidos de bolsas de estudo para estudantes de instituições de ensino superior públicas, aos quais se juntam 1642 de alunos de universidades privadas. No total, este ano há já mais 4472 bolseiros do que no ano anterior.

As candidaturas a bolsas de acção social estão abertas ao longo de todo o ano lectivo, mas, no final de Setembro, no final do primeiro prazo dados aos estudantes para solicitarem o apoio do Estado, o mesmo sistema que agora está a dar problemas sofreu um outro bloqueio. Na altura, o MEC admitia que um “pico de acessos” nos últimos dois dias do mês provocou uma “natural” dificuldade de acesso à plataforma. O sistema informático do MEC está este ano mais sobrecarregado. Além das candidaturas à acção social, o servidor está a ser usado para acolher as candidaturas ao programa Retomar, destinado a estudantes que deixaram uma licenciatura a meio.

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