Conselho geral da RTP incomodado com declarações de Marques Guedes

CGI e administração vão esta terça-feira ao Parlamento explicar compra da Liga dos Campeões, chumbo do plano estratégico e pedido de destituição.

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As declarações contraditórias do ministro dos Assuntos Parlamentares, Luís Marques Guedes, sobre a aquisição, pela RTP, dos direitos de transmissão dos jogos da Liga dos Campeões causaram incómodo no Conselho Geral Independente (CGI).

Porque, por um lado, o ministro disse que este Governo criou o CGI para “deixar de condicionar este tipo de situações” e desgovernamentalizar a RTP e afirmou esperar “que esse CGI actue”, mas logo a seguir manifestou-se contra o negócio realçando que foi também este Governo que há três anos “deu orientações muito claras no sentido de que a RTP se afastasse desse tipo de concorrência com outros operadores”.

Ora, a sobreposição das duas mensagens fez com que passasse a ideia de que o Governo estaria a dar um recado ao conselho geral para se pronunciar contra o negócio. O PÚBLICO apurou que a situação causou um certo incómodo em alguns membros daquele órgão de supervisão que viram nessa atitude uma espécie de intromissão no seu trabalho.

Questionado pelo PÚBLICO, o presidente do conselho geral recusou fazer comentários alegando não querer causar “ruído” antes da audição parlamentar desta terça-feira à tarde. E fonte do CGI negou que “existam tais tensões com o Governo”.

Tanto os seis membros do Conselho Geral Independente como os três elementos do conselho de administração estarão esta terça-feira no Parlamento para responder aos deputados da comissão de Ética sobre a não aprovação do plano estratégico e a polémica da compra dos direitos da Liga dos Campeões, assim como o pedido de destituição da equipa liderada por Alberto da Ponte. A audição do ministro está marcada para a manhã de quarta-feira.

Há duas semanas, o CGI chumbou o plano estratégico da administração de Alberto da Ponte para 2015 e criticou o facto de não ter sido informado sobre a compra dos direitos da Liga dos Campeões entre 2015 e 2018. Os directores da RTP pediram a intervenção da ERC que considerou que o CGI se intrometeu numa área em que não tem competência. O conselho geral disse à ERC que primeiro deveria analisar o que aconteceu em vez de partir do pressuposto de que tinha havido ingerência, a qual nega. Devido ao chumbo do plano, o CGI pediu a destituição da administração e o ministro veio logo dizer que não o irá contrariar.

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