Acordo histórico nos dilemas do clima

O simples facto de ter sido possível um compromisso dos 190 países participantes é motivo de regozijo.

Os ambientalistas não esconderam a sua decepção, esperavam mais, mas é inegável que a conferência do clima realizada no Peru marcou pontos decisivos em relação à de Copenhaga, há cinco atrás.

Agora foi possível, embora ao fim de um braço-de-ferro que transformou o final dos trabalhos numa inesperada maratona, obter de todos os países participantes um compromisso para reduzirem as emissões de gases com efeito de estufa no sentido de combater o aquecimento global. E foi possível também um entendimento para que os países industrializados assumam a responsabilidade de financiar o chamado Fundo Verde, que a partir do ano 2020 deverá distribuir 100 mil milhões de dólares por ano para apoio ao desenvolvimento sustentável e atenuar os efeitos das mudanças climáticas nos países mais vulneráveis.

Claro que há, ainda, muito por definir. Os países ficaram de apresentar à ONU, num espaço de meses, as metas a que se propõem de forma a preparar o próximo encontro do clima, marcado para Paris, em 2015. E embora o acordo agora assinado preveja que tais metas terão de ser “quantificáveis, ambiciosas e justas”, não se sabe o entendimento que cada um fará destas palavras. E há, além disso, vários pontos de discórdia, adiados para 2015 e que só em Paris poderemos saber como evoluirão.

Mas o simples facto de ter sido possível um acordo de base, assinado pelos 190 países participantes, permite afirmar que estamos, em certa medida, perante um passo histórico nos habituais dilemas do clima. O secretário britânico para a Energia e Alterações Climáticas, Ed Davey, sublinhou isso mesmo ao afirmar, no final: “Saímos de Lima com um acordo verdadeiramente global, no sentido em que será aplicado por todos.” Sem triunfalismos, os próximos meses dirão se esta percepção de alívio será mais uma ilusão, de concretização adiada ou vaga, ou uma certeza a bem do Planeta.

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