Costa desmente Passos sobre TAP e diz que memorando previa apenas privatização parcial

Primeiro-ministro tinha-o garantido no Parlamento. Secretário-geral do PS defende já não é necessário privatizar a TAP uma vez que o Governo já privatizou "bastante mais do que era a meta prevista no memorando".

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António Costa pretende ser presidente da AML Enric Vives-Rubio

O secretário-geral do PS desmentiu, sexta-feira à noite, o primeiro-ministro sobre a privatização da TAP, garantindo que no memorando de entendimento da troika estava apenas prevista a venda parcial e que a meta de receitas com privatizações já foi ultrapassada.

No jantar de Natal da distrital do PS Porto, que decorreu em Vila Nova de Gaia, António Costa referiu-se aos vários "momentos de fantasia" que Pedro Passos Coelho teve esta sexta-feira no debate quinzenal na Assembleia da República, considerando que o primeiro destes relacionou-se com a privatização da TAP.

"Ao contrário do que diz o primeiro-ministro, o que estava no memorando de entendimento com a troika [assinado pelo PS] não era a previsão de uma privatização a 100% da TAP. Não, o que estava no memorando de entendimento era que a TAP só seria privatizada parcialmente e nunca na sua totalidade", garantiu.

Na opinião do secretário-geral do PS, é tarde para evocar o memorando de entendimento, porque este também dizia que a meta prevista para as privatizações era de 5,5 mil milhões de euros e que, "neste momento, o Estado já privatizou mais de oito mil milhões de euros, bastante mais do que era a meta prevista no memorando".

"Não é necessário privatizar a TAP, porque o objectivo aí previsto já foi alcançado e, por isso, o melhor que tem a fazer é não vender a TAP e manter esse activo estratégico para o país", declarou.

Na opinião de António Costa, um segundo "momento de fantasia" do debate parlamentar desta sexta-feira foi quando o primeiro-ministro anunciou que Portugal está a recuperar de forma "sustentada e saudável".

"A dívida, ao longo destes anos, aumentou 54 mil milhões de euros, 30 pontos percentuais. Ou seja, temos hoje uma dívida ainda maior do que a dívida alta que já tínhamos quando este Governo iniciou funções. Onde é que está a sustentabilidade que o Governo vê neste processo?", questionou.

Para o secretário-geral socialista, "maior fantasia do que o memorando de entendimento dizia sobre a TAP ou da recuperação sustentada e saudável, é o absoluto desconhecimento de qual é a situação efectiva das pessoas, das mulheres e dos homens, que existe em concreto em Portugal".

"Quando o primeiro-ministro veio dizer que esta foi a crise que atingiu os grande banqueiros, mas que poupou o povo, este Governo está a desconhecer e a iludir aquilo que é a realidade fundamental de vida, do dia-a-dia dos portugueses, que, esses sim, são quem tem estado a pagar o esforço desta crise", contestou.

Costa criticou ainda o facto de o Governo de coligação PSD/CDS-PP, "perante o aumento do desemprego, emigração e pobreza", ter dado como resposta "cortar nas prestações sociais e aumentar a injustiça social".

"Nesta época natalícia, que é uma época de reencontro com os valores, da solidariedade, da dignidade da pessoa humana, que é necessário dizer ao Governo: chega do tempo de fantasia, é altura do tempo da realidade e a realidade impõe a mudança, em 2015, de Governo e de políticas, para que o país possa voltar a ter futuro, esperança e confiança em Portugal", concluiu.

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