Governo propõe criação de grupo de trabalho para travar greve na TAP

Sindicatos decidem se mantêm paralisação de quatro dias na próxima segunda-feira.

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A paralisação convocada para o período entre o Natal e o Ano Novo afecta todas as empresas do grupo TAP Raquel Esperança

O Governo propôs aos sindicatos da TAP a criação de um grupo de trabalho para tentar travar a greve de quatro dias agendada para 27, 28, 29 e 30 de Dezembro. E espera ter uma decisão dos trabalhadores até à próxima segunda-feira.

À saída do encontro, o ministro da Economia, Pires de Lima, afirmou às televisões que “abriu a possibilidade, mediante o cancelamento da greve, de se constituir um grupo de trabalho” que possa dar resposta aos “pontos de preocupação dos trabalhadores da TAP”.

O governante adiantou que espera “uma resposta por parte da plataforma sindical da TAP quanto à proposta” na próxima segunda-feira. Citado pela Lusa, Pires de Lima reconheceu que as preocupações dos trabalhadores são "legítimas", mas reiterou que "a decisão e o modelo de privatização da TAP não estão nem podem estar em causa".

Segundo referiu, "ficou bem claro na reunião que esta greve não tem como objetivo alterar essa decisão do Governo", uma vez que na origem da paralisação "estão um conjunto de preocupações que a plataforma sindical apresentou, preocupações legítimas, de várias classes de trabalhadores e de funções na TAP e que é a justificação para este pré-anúncio de greve".

O titular da pasta da Economia sublinhou que a transportadora "ganha tendo sócios que possam injectar capital para a empresa crescer e poder desenvolver-se, ganha tendo regras de gestão mais flexíveis". Pires de Lima disse ainda que o Governo está a acompanhar "de forma muito próxima esta situação que se está a pré-anunciar na TAP" e garantiu que não deixará de tomar, em cada momento, as medidas que entender para que o interesse dos portugueses possa ser protegido" na quadra natalícia.

O grupo de trabalho servirá, no fundo, para envolver os trabalhadores na privatização do grupo, nomeadamente na elaboração do caderno de encargos. Os sindicatos defendem que devem ter uma palavra a dizer nas obrigações que serão exigidas aos potenciais compradores, nomeadamente na salvaguarda dos postos de trabalho.

A paralisação convocada para o período entre o Natal e o Ano Novo afecta todas as empresas do grupo e, só na actividade da aviação, estima-se que possa afectar cerca de 120 mil passageiros, já que a TAP transporta perto de 30 mil clientes por dia nesta altura do ano. Prevê-se ainda que possa causar 32 milhões de euros de prejuízos à companhia, tendo como base uma perda diária de receitas de oito milhões.

A transportadora aérea está a viver um ano recorde de protestos, tendo sido obrigada a cancelar perto de 800 voos desde Agosto por causa de greves. Nesta sexta-feira, foi afectada por uma paralisação dos tripulantes na companhia de aviação regional PGA, que num dia normal operaria 80 ligações. Não houve impactos significativos para os passageiros, visto que foram transferidos para datas alternativas. A PGA volta a parar no domingo, com os sindicatos a exigir o cumprimento do acordo de empresa.

No caso da greve geral de quatro dias convocada para o final de Dezembro, o motivo do conflito é a privatização do grupo TAP, cujos moldes e timming os sindicatos contestam. O Governo já deixou claro que não irá suspender o processo e, neste sexta-feira, o primeiro-ministro declarou no debate quinzenal no Parlamento que "se deixarmos tudo como está, a TAP vai desparecer". Passos Coelho acrescentou que a decisão é entre o caminho de uma “profunda reestruturação com despedimentos sérios e que muito provavelmente não vai servir o propósito de manter a TAP no longo prazo” e “conseguir que ela possa ser privatizada”.

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