O novo pavilhão da Serpentine vai ser desenhado por dois arquitectos que tentam esconder a arquitectura

Espanhóis José Selgas e Lucía Cano vão desenhar o próximo pavilhão de Verão da galeria londrina.

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Os espanhóis José Selgas e Lucía Cano fundaram o atelier Selgas Cano em 1998

Chamam-lhe o “pavilhão” de Verão dos Jardins de Kensington, mas um projecto para a Serpentine, importante galeria londrina, é muito mais do que um pavilhão — é uma montra de excepção a que nem mesmo os arquitectos que já receberam Pritzkers dizem não.

Os portugueses Álvaro Siza e Eduardo Souto de Moura já assinaram um, entrando em 2005 para a galáxia de estrelas que desde 2000 receberam a prestigiada encomenda – a anglo-iraquiana Zaha Hadid inaugurou este programa dedicado à arquitectura efémera, que por vezes traz artistas associados. Agora é a vez dos primeiros espanhóis José Selgas (San Sebastián, 1965) e Lucía Cano (Madrid, 1965), autores do Palácio de Congressos de Barcelona e do Auditório de Badajoz. 

Considerados nomes em ascensão na arquitectura europeia, mas ainda muito pouco conhecidos fora de Espanha, escreve o diário britânico The Guardian, Selgas Cano (o atelier que este casal fundou em 1998 é assim conhecido) propõe algo “absolutamente experimental”. Quem der uma vista de olhos pelo portfólio destes espanhóis que se especializaram em edifícios semienterrados perceberá sem esforço o que está em causa quando dizem que o pavilhão que projectaram vai mesmo abraçar o jardim. “Achamos que a natureza tem primazia sobre a arquitectura”, diz José Selgas ao Guardian. “Tentamos esconder a presença da nossa arquitectura o mais possível.”<_o3a_p>

Selgas Cano promete trabalhar, assim, na linha dos suíços Jacques Herzog& Pierre de Meuron (2012), que apostaram na invisibilidade, e do japonês Sou Fujimoto (2013), que optou pelo carácter mais experimental, nota o diário espanhol El País.<_o3a_p>

A encomenda da Serpentine, que é frequentemente vista como um prémio, levou esta dupla que tem por imagem de marca materiais industriais translúcidos e coloridos a decidir arriscar. Garante que vai fazer algo que não pode ser imediatamente identificado como um projecto Selgas Cano. “Neste momento estamos a trabalhar com engenheiros na possibilidade de usar apenas um material de forma estrutural, explorando ideias de transparência”, acrescenta Selgas ao diário britânico. <_o3a_p>

Escreve Oliver Wainwright, crítico de arquitectura e design do Guardian, que a escolha dos espanhóis, assim como a de Fujimoto (Hokkaido, 1971) e do chileno Smiljan Radic (Santiano, 1965), é o reflexo do zoom que a Serpentine tem vindo a fazer na produção de uma nova geração, depois de nos primeiros anos ter investido em nomes absolutamente inquestionáveis, como Álvaro Siza, Frank Gehry, Peter Zumthor ou Jean Nouvel. <_o3a_p>

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