Nove detidos e 90 quilos de cocaína apanhados em malas sem dono no aeroporto

Investigação da operação Portela começou há 14 meses e levou à detenção de quatro funcionários do aeroporto. Droga apreedida vinha do Brasil e da Venezuela e tem um valor de mercado de quatro milhões de euros.

Nove pessoas, entre elas quatro funcionários do sector do handling do aeroporto de Lisboa, foram detidas pela Polícia Judiciária, que apreendeu também 90 quilos de cocaína, oito automóveis, duas motos, 55 mil euros em dinheiro e várias armas, incluindo uma G3 no âmbito de uma operação de combate ao tráfico no aeroporto da Portela.

A investigação durava desde Setembro de 2013, disse o director da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes (UNCTE), Joaquim Pereira, aos jornalistas, na sede da PJ, onde foi apresentada a droga e as armas apreendidas no âmbito da operação Portela. Mas o esquema de tráfico já estava a operar há muito mais tempo, sem que fosse possível perceber quando começou e a droga que terão conseguido fazer entrar em Portugal.

Como é normal nas redes de tráfico receptadoras em Portugal, parte da cocaína destinava-se ao mercado português, a outra seguiria para outros países europeus. “Tratando-se de tráfico internacional vamos continuar a investigar a componente externa em cooperação com outras entidades”, admitiu Joaquim Pereira, que calcula que “estes 90 quilos, a preço de distribuição na rua devem rondar os quatro milhões de euros”.

“Foi uma investigação num contexto muito difícil, no interior do aeroporto [onde etas autoridades também têm alguma restrição de movimentos], que nos permitiu apreender cerca de 90 quilos de cocaína, desmantelar a componente nacional de dois grupos. Entre esses nove detidos estão quatro funcionários que trabalhavam no aeroporto”, descreveu Joaquim Pereira.

A droga chegava a Lisboa disfarçada em normais malas de viagem em voos provenientes de países da América do Sul, sobretudo do Brasil e Venezuela, mas que não eram registadas por qualquer passageiro. Eram recolhidas à saída do avião, no processo habitual de retirada da bagagem do avião e logo colocadas de parte por um dos funcionários agora detidos antes de serem enviadas para o tapete, ou então apanhadas só mais tarde, nos tapetes das bagagens, já depois de todos os passageiros terem levantado os seus pertences.

Em ambos os casos, eram retiradas as etiquetas com a cor que identifica as bagagens intercontinentais e substituídas por outras que correspondiam aos voos dentro da União Europeia, de forma a “iludirem” o controlo alfandegário e poderem entregar as malas a elementos da organização que estavam no exterior do aeroporto, contou Joaquim Pereira.

Os detidos, com idades entres os 32 e os 51 anos, são todos de nacionalidade portuguesa e alguns dos funcionários agora detidos estavam há muito tempo a trabalhar na empresa, e já foram presentes ao juiz que lhes decretou prisão preventiva, acrescentou o director da UNCTE.

As armas foram detectadas em casa de um dos suspeitos não trabalhador no aeroporto. “A carabina foi furtada em 2009, estamos atentar determinar a origem da G3, que é uma arma de guerra, fizemos já várias comunicações”, acrescentou o director da UNCTE.

Na sequência das detenções “foram realizadas 16 buscas domiciliárias e não domiciliárias, tendo sido ainda apreendidas oito viaturas automóveis ligeiras, dois motociclos, cerca de 55.000€ em dinheiro, duas armas de alarme e duas armas de grande calibre, uma carabina de caça grossa e uma arma de guerra de marca HK modelo G3, semelhante às que equipam o exército português”, descreve a PJ em comunicado.

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