Antigos donos do BES não podem concorrer à compra do Novo Banco

Potenciais interessados têm até 31 de Dezembro para entregar manifestação de interesse, segundo o caderno de encargos divulgado esta quinta-feira..

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Eduardo Stock da Cunha agradece ainda a Vítor Bento e à sua equipa "pelo trabalho efectuado na estabilização do banco". Enric Vives-Rubio

O caderno de encargos para a venda do Novo Banco já está disponível e os potenciais interessados em adquirir a instituição financeira têm até ao final de Dezembro para entregarem a sua manifestação de interesse. O Fundo de Resolução, que detém 100% do Novo Banco, publicou nesta quinta-feira um anúncio em vários jornais a informar dos pré-requisitos exigidos, excluindo da operação todos os accionistas do Banco Espírito Santo (BES) nos últimos dois anos.

O Novo Banco foi constituído a 3 de Agosto, na sequência do colapso do BES, e está a ser gerido por Eduardo Stock da Cunha.

Entre os requisitos de pré-qualificação exigidos, os interessados em comprar o Novo Banco têm de demonstrar deter activos de, pelo menos, 500 milhões de euros ou activos sob gestão ou outros recursos financeiros no valor de, pelo menos, 100 milhões de euros.

Os potenciais compradores não poderão ter sido accionistas qualificados do BES (com participação igual ou superior ao limiar de 2%) nos dois anos anteriores à criação do Novo Banco, refere o convite publicado hoje pelo Fundo de Resolução.

No caso de os potenciais compradores analisarem a aquisição do Novo Banco em conjunto, cada um deles deve cumprir separadamente os pré-requisitos de qualificação.

As manifestações de interesse têm de ser apresentadas até às 17h de 31 de Dezembro de 2014 e os documentos necessários, nomeadamente o caderno de encargos, já estão disponíveis.

Os líderes do Banco BPI e do Santander Totta já revelaram publicamente a intenção de analisar a possibilidade de compra do Novo Banco, cujo capital é totalmente detido pelo Fundo de Resolução.

Na quarta-feira, o presidente do Novo Banco considerou, em entrevista à TVI, uma eventual oferta do grupo chinês Fosun "uma excelente notícia", por revelar interesse na instituição.

Questionado sobre se tinha conhecimento de uma oferta de compra do banco pelo grupo chinês Fosun, Eduardo Stock da Cunha referiu que "qualquer oferta tem de ser dirigida ao Banco de Portugal" e não à gestão do Novo Banco.

"De toda a maneira, não deixa de ser uma excelente notícia, a confirmar-se, porque só revela que existe interesse no Novo Banco", referiu.

O activo consolidado do Grupo Novo Banco é de 72.465 milhões de euros, os capitais próprios de 5600 milhões de euros e o rácio de solvabilidade de 9,2%, revelou a instituição em comunicado divulgado na quarta-feira.

Ainda segundo o Novo Banco, os depósitos de clientes totalizam 25.100 milhões de euros e a carteira total de crédito bruto a clientes 43.800 milhões de euros, dos quais 31.500 milhões de euros de crédito a empresas (72%) e 12.400 milhões de euros de crédito a particulares (28%).

A 3 de Agosto, o Banco de Portugal tomou o controlo do BES, após a apresentação de prejuízos semestrais de 3600 milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades: o chamado banco mau (um veículo que mantém o nome BES e que concentra os activos e passivos tóxicos do BES, assim como os accionistas) e o banco de transição que foi designado Novo Banco.

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