Portugal participa em reunião da coligação internacional contra o autoproclamado Estado Islâmico

Será feito um ponto de situação político e diplomático nas forças que, ao abrigo da ONU, combatem o extremismo.

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Rui Machete com John Kerry no início deste ano em Washington AFP/Brendan SMIALOWSKI

Portugal é um dos países que participa na próxima quarta-feira, 3 de Dezembro, numa reunião ministerial dos membros da coligação internacional contra o autoproclamado Estado Islâmico (EI).

Este encontro, que decorre em Bruxelas sob a presidência do secretário de Estado norte-americano John Kerry, pretende marcar uma nova etapa na luta contra a organização terrorista.

A presença do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de Portugal foi confirmada ao PÚBLICO pelo Palácio das Necessidades. Rui Machete estará, desde o início da próxima semana, na sede da Aliança Atlântica para participar na habitual reunião ministerial da NATO.

Será precisamente nestas instalações em Bruxelas que, por mera conveniência logística e aproveitando a presença de um número significativo de responsáveis da diplomacia dos países que aderiram à coligação, decorre um encontro cujo objectivo é fazer um ponto da situação depois das acções militares levadas a cabo contra os grupos do EI que ocupam parte dos territórios do Iraque e da Síria.

O facto dos protagonistas do encontro serem os ministros dos Negócios Estrangeiros permite concluir que não serão decididas novas acções militares. Até porque, entre os presentes, estão representantes de várias nações que, até agora, não tiveram qualquer intervenção nos bombardeamentos às posições das forças do autodenominado Estado Islâmico.

Trata-se, antes de mais, de avaliar, do ponto de vista político e diplomático o trabalho realizado e de ponderar novos caminhos. Entre estes, estará o acompanhamento legal e policial dos jovens envolvidos nos actos terroristas do EI na Síria e Iraque e que pretendem regressar aos seus pontos de origem na Europa ocidental.

Há cerca de um mês, a 3 de Novembro em Washington, teve lugar uma reunião dos países da coligação com a presença dos chefes de missão. Ou seja, dos embaixadores, na qual compareceu o representante diplomático português na capital dos Estados Unidos. Desde então, tem aumentado o número de países envolvidos na coligação.

Para além dos denominados parceiros ocidentais com participação activa e directa em acções militares – Estados Unidos, França, Reino Unido, Dinamarca, Holanda, Austrália e Canadá -, outros países daquela área deram o seu apoio às operações. É este o caso, entre outros, de Portugal. Aliás, como o PÚBLICO revelou em anteriores edições, têm sido constantes e fluídas as trocas de informação entre os serviços de segurança de Portugal e os seus congéneres europeus e, também, com a CIA.

Estes contactos têm sido particularmente intensos com os serviços de informação do Reino Unido e França, de onde partiram para a Síria alguns combatentes de origem portuguesa ou luso-descendentes. O facto de, a partir de Lisboa, existirem ligações aéreas directas com a Turquia, ponto fulcral na rota destes milicianos para posteriormente entrarem em território sírio, alimentou esta troca de informações. Que, mais recentemente, foi estendida às autoridades turcas.

Tendo como base relatórios enviados por Portugal, onde já foi detectada uma infra-estrutura de apoio a este tráfego, a Turquia não permitiu a entrada no seu território, alegando questões formais e administrativas, de alguns destes jovens. Impossibilitando, deste modo, a sua chegada à Síria e às fileiras do EI.

Nesta rede de informações têm vindo a desempenhar um papel de crescente importância os serviços de segurança da Alemanha. Já o envolvimento da Turquia insere-se no que a administração norte-americana e os seus apoiantes ocidentais definiram como aliados regionais. Que, para além do regime de Ancara, envolve a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, a Jordânia, o Qatar, o Egipto e o Bahrein.   

A consolidação da coligação internacional só foi possível depois da aprovação da resolução 2178 das Nações Unidas. Naquele documento, o Conselho de Segurança reafirmou que todos os Estados membros devem prevenir o movimento de grupos terroristas por um controlo efectivo das suas fronteiras e aumentar a troca de informações.  

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