Serra do Caldeirão vítima dos incêndios e da burocracia no acesso aos apoios do Estado

Ministra da Agricultura visitou zonas ardidas, dois anos depois do incêndio que queimou 21 mil hectares nos concelhos de Tavira e São Brás de Alportel.

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Produtores de cortiça dizem que os sobreiros estão a morrer Foto: Paulo Ricca

A morte prematura dos sobreiros, na serra do Caldeirão, continua a acelerar o despovoamento das zona do interior.

O vice-presidente da Associação de Produtroes Florestais do Barranco Velho, Gilberto Pereira, aproveitou a visita da ministra da Agricultura e Pescas, Assunção Cristas, para deixar o alerta: “As árvores que não arderam com o incêndio de há dois anos estão a morrer. Basta circular pela estrada [antiga EN 2] para verificar que não é um caso nem dois são às centenas”.

A  ministra visitou, nesta segunda-feira, as zonas ardidas nos grandes incêndios  do Verão de 2012 nos concelhos de Tavira e São Brás de Alportel, altura em desapareceram 21 mil  hectares de floresta e mato. A recuperação do território queimado ficou-se, até agora, por mil dos cinco mil hectares que estavam destinados à reflorestação.

O restante território foi considerado de interesse para a conservação da natureza, pelos serviços oficiais do ministério da Agricultura e Pescas, mas não com potencial produtivo. Entretanto, a chuva trouxe o mato de regresso, de forma espontânea. Apesar do descontentamento de alguns produtores, os oito milhões de euros investidos na recuperação de parte das áreas destruídas foram motivo de elogios ao Governo, feitos pelo autarca de Tavira, o socialista Jorge Botelho.

“Habituei-me, nos últimos anos a elogiar a senhora ministra Cristas, e desta vez não vai fugir à regra”, afirmou o autarca, também presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve – Amal, na câmara de São Brás de Alportel, no final da digressão pela serra, destacando a “boa articulação” existente entre o poder central e os municípios.   

Gilberto Pereira, em representação dos produtores florestais lembrou que, naquele concelho, encerraram nas últimas décadas mais de duas dezenas de fábricas de cortiça. A produção, disse, está a diminuir e as novas árvores que foram plantadas demoram quase uma geração até chegar à idade adulta e poderem dar cortiça.

Por seu lado, Assunção  Cristas afirmou que existe um grupo de trabalho para estudar a doença que está dizimar esta espécie, classificada de património nacional, mas não deixou grandes esperanças quanto aos resultados e ao tempo necessário para os obter. Já o presidente do Munícipio de São Brás de Alportel,  Vítor Guerreiro, PS, lembrou que apesar dos projectos de reflorestação terem sido  financiados a 100 por cento, desde que fossem elegíveis  nas medidas de emergência, o beneficio não chegou aos mais desfavorecidos.

“A burocracia impede o acesso aos apoios pelos pequenos agricultores que vivem de uma agricultura de subsistência”, afirmou. Por isso, uma das sugestão que deixou à governante foi para conferir  “mais poder de decisão e capacidade económica às direcções regionais” para  que possam reforçar a sua relação de proximidade com as comunidades locais.

               

 

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