João Semedo garante que o Bloco não será um CDS de Costa

Líder do Bloco avisa que a gaveta do PS é "funda". E pede solidariedade entre camaradas no fim-de-semana em que se discute a liderança do partido

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Os portugueses "estão unidos contra o Governo", afirmou João Semedo Daniel Rocha

O líder do BE, João Semedo, arrancou a IX convenção do partido, que decorre este fim-de-semana, em Lisboa, com críticas à “gaveta funda” do PS e de António Costa, onde cabem a “reestruturação da dívida, a reposição dos salários e o fim da sobretaxa de IRS”. Desfazendo qualquer dúvida, Semedo avisou que o BE não será “um CDS de António Costa”.

“Tudo em menos de um mês. E nós sabemos tão bem como é funda esta gaveta do PS”, acusou João Semedo, inquirindo o que se pode esperar de um futuro governo socialista liderado por Costa, que vai este sábado a votos nas eleições directas do PS.

Afastando, em definitivo, adornar o PS depois das próximas eleições legislativas, Semedo defendeu que a estratégia do partido tem que passar por quebrar a “alternância laranja e cor-de-rosa” e que a saída do país não passa por uma espécie de “austeridade boazinha” proposta pelos socialistas. “Querem convencer-nos que a única esperança é termos uma austeridade boazinha. Nós no Bloco não bebemos desse veneno. O BE não será um CDS de António Costa”, disse.

Depois, Semedo repescou o caso das subvenções vitalícias para ilustrar um PS que está afinal sempre disponível para a direita. “O PS não teve qualquer vergonha em dar o braço à direita para fazer regressar este privilégio. Afinal é isto o novo PS de António Costa? É a pergunta que fica deste episódio lamentável”, criticou ainda.

O BE decide este fim-de-semana um confronto inédito pela liderança do partido. Catarina Martins e João Semedo, de um lado, Pedro Filipe Soares, do outro. Numa longa intervenção, de cerca de trinta minutos, Semedo dirigiu-se ao auditório do Pavilhão Casal Vistoso para dizer que o Bloco é “diversidade na unidade”, mas não se basta a si próprio. Por isso, pediu “solidariedade” entre camaradas naquela que considerou a maior convenção de sempre do partido.

“É mesmo preciso fazer crescer este Bloco”, afirmou. Sem nunca referir directamente Pedro Filipe Soares, o coordenador garantiu que o BE tem “um futuro imenso pela frente” e que sairá mais forte deste conclave. “Podem desiludir-se. Não estamos aqui divididos e nem daqui vamos sair divididos, rendidos ou resignados”, afirmou.

Sem iludir problemas – “na intervenção social, na mobilização social e na imagem do BE na rua” – o coordenador deixou a garantia aos delegados de que o partido saberá encontrar respostas. “Só lutando mais conseguimos virar para a esquerda o rumo do país”, afirmou.

“Não há alternativa de esquerda sem o BE. Camaradas, entendamo-nos sobre nós próprios. O BE não se basta a si próprio. (.) Somos muitos, é preciso juntá-los na indignação e no protesto para uma a construção de uma alternativa de esquerda”, acrescentou.

Aplaudido nas críticas ao Governo de direita e ao Presidente da República, João Semedo enumerou três lutas centrais para o BE: reestruturação da dívida, defesa do regime democrático, recusa dos directórios de Bruxelas. “Já não é o problema da fruta estar podre, é o próprio cesto que está podre. Hoje podemos dizer que é a fruta, o cesto e a própria democracia”, afirmou.

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