Doha, cada vez mais a capital do desporto mundial

A capital do Qatar atrai um número crescente de competições internacionais. Os Mundiais de atletismo foram o caso mais recente.

Foto
O Qatar está a apostar forte na atracção de eventos desportivos Fadi Al-Assaad/Reuters

O anúncio foi feito nesta terça-feira. Os Mundiais de atletismo de 2019 serão em Doha. Esta foi apenas a última conquista desta cidade de 132km2, capital do Qatar, localizada nas margens do Golfo Pérsico, na costa leste do pequeno emirado e cuja pujança financeira alimentada pela indústria petrolífera tem vindo a sustentar um crescente protagonismo no desporto.

Nem o ressuscitar, durante esta semana, da polémica atribuição ao Qatar do Mundial de futebol de 2022, com a revelação das conclusões da investigação à forma como foi feita a escolha (foram detectadas algumas irregularidades mas não ao ponto de retirar a organização do evento ao emirado, na opinião da FIFA) levou a Federação Internacional de Atletismo (IAAF) a vacilar na entrega a Doha de mais uma das principais competições desportivas mundiais.

Barcelona, em Espanha, antiga sede de uns Jogos Olímpicos, e Eugene, nos Estados Unidos, a um passo da sede da globalmente conhecida marca de equipamento desportivo Nike, foram as candidaturas que ficaram pelo caminho. Sintomático sobre a forma como os tradicionais pólos em que o desporto mundial se concentrava (Europa e América do Norte) estão a perder capacidade de atracção face ao crescente fascínio de um Médio Oriente insinuante.

Quer exemplos? Pois bem, no futebol e apesar do Qatar ter pouca ou nenhuma expressão a nível internacional na modalidade, o território acolheu, em 2011, o Campeonato Asiático, para além de ter garantido, de forma controversa, a organização do Mundial de 2022, sendo que ainda persiste a discussão sobre a data da prova, devido às elevadas temperaturas que se sentem no emirado no período em que habitualmente a competição decorre (Junho/Julho).

No ténis, quer o ATP, quer o WTA realizam anualmente torneios no Qatar e o ultra-moderno complexo de ténis Khalifa International recebeu entre 2008 e 2010 o Masters feminino.

No atletismo, para além do agora conquistado Mundial de 2019, Doha organiza um dos principais eventos do circuito mundial desde 1997, para além de ter sido o palco do primeiro meeting da Liga Diamante em Maio de 2010, dois meses depois dos Mundiais de pista coberta.

Nos desportos motorizados, o Grande Prémio do Qatar de MotoGP é a corrida inaugural da temporada há anos e no golfe o Qatar Masters integra o European Tour, uma das competições mundiais mais importantes a nível planetário.

No andebol, o Campeonato do Mundo masculino decorrerá no emirado entre 15 de Janeiro e 1 de Fevereiro do próximo ano, enquanto na natação o Centro Aquático Hamad, em Doha, será a casa dos Mundiais de piscina curta entre 3 e 7 de Dezembro.

E nem o clima impede a ambição do emirado em acolher estas grandes competições internacionais. Depois da controvérsia que ainda envolve a data em que o Mundial de futebol de 2022 vai realizar-se, devido às elevadas temperaturas no Qatar em Junho/Julho, os Mundiais de atletismo de 2019 não vão disputar-se em Agosto, mas sim no final de Setembro. Apesar desta alteração, é previsível que esteja bastante calor, já que a temperatura média em Doha no mês de Outubro é de 35º durante a manhã e de 30º à noite. Por causa disso e para poupar os maratonistas a condições meteorológicas inclementes, a corrida será realizada à noite, num percurso com iluminação artificial.

Para os dirigentes do emirado, é fácil de perceber, que não há problema que não possa ser ultrapassado ou, talvez de forma mais rigorosa, que o dinheiro não possa resolver. Por isso é que, para muitos, todo este calendário é um balão de ensaio para o grande objectivo do Qatar: avançar com uma candidatura aos Jogos Olímpicos de 2024 e ser a primeira nação do Médio Oriente a acolher o evento.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários