Primeiro dia sem novos casos de Legionella no Hospital de Vila Franca de Xira

Na unidade ainda estão 33 doentes internados, dois dos quais nos cuidados intensivos.

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Só por este hospital passaram 186 doentes AFP/PEDRO NUNES

Nas últimas 24 horas não entrou mais nenhum doente no Hospital de Vila Franca de Xira com Legionella, o que já não acontecia desde o passado dia 6, altura em que começou a manifestar-se o maior surto da “doença do legionário” verificado em Portugal e o terceiro mais grave de que há registo em todo o mundo.

No hospital vila-franquense estão, ainda, internados 33 doentes com a bactéria, dois dos quais na unidade de cuidados intensivos. Em 12 dias entraram na urgência desta unidade hospitalar 186 casos confirmados de Legionella, num total de 331 casos identificados pelas autoridades de saúde.

O director clínico do Hospital de Vila Franca de Xira disse nesta terça-feira ao PÚBLICO que esta epidemia de Legionella que atingiu as freguesias de Forte da Casa, Póvoa de Santa Iria e Vialonga deve ter chegado ao fim. “Estamos muito confiantes de que, face à ausência, nas últimas 24 horas, de algum outro novo caso, efectivamente, estejamos no fim de uma epidemia. Nos últimos dias já não tínhamos tido muitos casos e nas últimas 24 horas já não entrou mais nenhum, pelo que achamos que estamos no fim desta epidemia”, observou Carlos Rabaçal.

O responsável clínico considerou que o Hospital de Vila Franca de Xira reagiu muito bem a uma situação inesperada. “Principalmente o dia 8 foi um dia terrível em termos de afluxo ao hospital. Mas achamos que fizemos aquilo que era o necessário e o adequado para tratar esta população”, sublinhou Carlos Rabaçal.

O médico admitiu que outros doentes possam ter tido momentos de mais alguma espera na urgência, mas frisou que era necessário responder a este afluxo de pessoas com diagnóstico provável de Legionella. “Fomos postos perante uma contingência em que tivemos que, de uma forma muito objectiva, olhar primeiro para as pessoas que mais necessitavam e, depois, para aquelas que não necessitavam tanto”, vincou.

No decorrer da cerimónia de inauguração do Museu do Hospital de Vila Franca de Xira, o tema da Legionella foi, também, abordado pelos presidentes do conselho de administração do Hospital e da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT).

Vasco Luís de Mello, presidente da empresa do Grupo Mello Saúde que gere o Hospital desde Junho de 2012, salientou que, desde dia 6 de Novembro, passaram pela unidade hospitalar vila-franquense 186 doentes com Legionella, dos quais 112 foram, depois, transferidos para hospitais de Lisboa. Em Vila Franca permanecem 33 doentes internados e 37 já tiveram alta. Vasco Luís de Mello salientou que o “epicentro” do terceiro maior surto mundial de “doença do legionário” foi neste hospital e agradeceu o esforço de todos os profissionais “cuja disponibilidade e profissionalismo foram cruciais para fazer face a este desafio”.

Taxa de mortalidade baixa
Já o presidente da ARSLVT manifestou o “orgulho” da tutela da saúde no desempenho que o Hospital de Vila Franca teve neste caso e revelou que já chegaram a Portugal relatórios preliminares de autoridades internacionais de saúde que realçam o excelente desempenho do Serviço Nacional de Saúde. “Mostram bem o orgulho que todos temos que ter no nosso sistema de saúde e em especial neste hospital”, acrescentou Luís Cunha Ribeiro, que reconheceu, todavia, que os cortes orçamentais levaram à redução do número de camas hospitalares existentes na região de Lisboa. “Apesar dessa situação, fomos capazes de receber mais de 300 doentes com Legionella só na Região de Lisboa e Vale do Tejo”, vincou, sublinhando, igualmente, que a taxa de mortalidade verificada neste surto é baixa.

“A nível internacional já houve surtos de Legionella que chegaram aos 15% de taxa de mortalidade. Nós estamos com 2,4%. É previsível que aumente, mas esta taxa mostra o imenso profissionalismo de todos aqueles que, durante este período, estiveram a trabalhar com estes doentes”, concluiu.

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