Dilma diz que escândalo da Petrobras vai mudar o Brasil "para sempre"

Presidente brasileira voltou a repetir que o escândalo de corrupção que envolve a petrolífera estatal vai ser investigado até ao fim: "Vai acabar com a impunidade."

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Protesto em São Paulo juntou 2500 pessoas que exigiram destituição de Dilma Miguel SCHINCARIOL/AFP

Longe do olho do furacão, a Presidente brasileira, Dilma Rousseff, disse este domingo, a partir da cimeira do G20, na Austrália, que o escândalo da Petrobras "vai mudar para sempre a relação entre a sociedade brasileira, o Estado brasileiro e as empresas privadas". E, acrescentou, mudará o Brasil "para sempre" porque "vai acabar com a impunidade".

A Polícia Federal brasileira colocou em prática, na sexta-feira, a sétima fase da operação Lava Jato, que investiga um suposto esquema de branqueamento de capitais na petrolífera Petrobras, que terá movimentado cerca de 10 mil milhões de reais (cerca de 3,1 mil milhões de euros). No âmbito da operação foram emitidos 19 mandados de prisão temporária e quatro de prisão preventiva e congelados 720 milhões de reais (perto de 222 milhões de euros), em bens de pessoas sob investigação.

Entre os detidos está o ex-director de serviços da Petrobras, Renato Duque, por suspeita de branqueamento de capitais. Os mandados envolvem também cinco das maiores construtoras do país, consideradas o braço financeiro do esquema de corrupção na empresa estatal brasileira, entre as quais OAS, UTC Constran, Camargo Corrêa e Odebrecht.

A operação Lava Jato foi lançada em Março para investigar um esquema de lavagem de dinheiro na Petrobras. Um antigo responsável da empresa, entretanto preso e que fez um acordo para obter benefícios em troca de informações dadas às autoridades, disse que o dinheiro não declarado era canalizado para o Partido dos Trabalhadores (PT) da Presidente, Dilma Rousseff, e para os seus aliados no Congresso. O escândalo marcou a campanha eleitoral para as eleições que Dilma acabou por vencer, mas a verdade é que até agora não há políticos envolvidos nesta fase de investigação.

Na Austrália, Dilma voltou a repetir que este é um caso histórico que vai ser investigado até ao fim e que não se trata de condenar as empresas mas sim de "condenar as pessoas, dos dois lados, dos corruptos e dos corruptores".

A Presidente insistiu em diferenciar a empresa Petrobras dos eventuais delitos cometidos pelos seus directores e fez questão de lembrar que também no sector privado ocorrem casos de corrupção. Mas não deixou de admitir que "a questão da Petrobras é uma questão simbólica para o Brasil. É a primeira investigação efectiva sobre corrupção no Brasil que envolve segmentos privados e públicos. A primeira. E que vai a fundo".

Em São Paulo, foi o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, quem criticou o aproveitamento político por parte dos adversários do PT. "Já houve o resultado das eleições. A investigação não é o terceiro turno eleitoral [terceira volta das eleições]", afirmou. Nas ruas e nos corredores da oposição em Brasília sucedem-se as acusações de que Dilma Rousseff e o seu antecessor, Lula da Silva, "sabiam de tudo", e alguns sectores exigem mesmo a abertura de um processo de destituição contra a Presidente.

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