População de Canelas, Gaia, recolhe dedicatórias para livro a oferecer a padre destituído

Comunidade católica recusa assistir a missas com o novo padre até ter uma explicação da Diocese para a saída do Padre Roberto de Sousa.

Foto
Os fiéis de Canelas organizaram várias acções de protesto a contestar afastamento do padre Roberto, que denunciou os alegados abusos sexuais. Paulo Pimenta

Católicos de Canelas, em Gaia, estão a recolher dedicatórias para um livro a oferecer ao padre Roberto de Sousa, afastado da paróquia pela Diocese do Porto, adiantou esta quarta-feira à Lusa o responsável pelo movimento "Uma Comunidade Reage!".

Miguel Rangel explicou que o livro, composto por testemunhos, é uma homenagem aos oito anos de dedicação à paróquia de Canelas do padre Roberto, destituído e substituído no início deste mês.

Esta mudança originou várias ações de protesto, um abaixo-assinado e, no passado domingo, aquando da recepção ao novo padre, os ânimos exaltaram-se, obrigando a intervenção policial.

O responsável de Uma Comunidade Reage!" condenou os distúrbios ocorridos e lembrou que aquele movimento não se revê em "actos exagerados", não podendo ser acusado da autoria dos mesmos.

A decisão de afastar o padre Roberto de Sousa da paróquia de Canelas foi tomada em finais de julho pela Diocese do Porto, tendo chegado a haver um recuo a meio de setembro, mas a determinação ficou concretizada no início de novembro.

Miguel Rangel frisou que nunca foram divulgadas as "reais" razões do afastamento do padre Roberto de Sousa, mas acredita estar relacionada com "inveja" de outros padres e com os 15 mil euros gastos na colocação de uma estátua em honra do seu antecessor, entretanto falecido.

O livro que está a ser preparado pelo movimento "Uma Comunidade Reage!" será entregue ao padre Roberto de Sousa dia 6 de Dezembro, num jantar convívio e de apoio, pelas 20h30, em Vila Nova de Gaia, disse.

"As inscrições para o jantar abrem hoje, estando disponíveis 700 lugares", afirmou Miguel Rangel.

O responsável pelo movimento lembrou que os testemunhos, num máximo de cinco a 10 linhas, devem ser entregues no minimercado da Leninha, em Canelas, ou enviados pela rede social `Facebook´.

Miguel Rangel reafirmou que os paroquianos "nada tem contra o novo padre Albino Reis", mas a sua vinda significa a "partida" de um sacerdote de quem gostavam "muito" e que "foi injustamente afastado".

Por esse motivo, e em sinal de protesto, a população de Canelas vai deixar de assistir à Eucaristia "até que a Diocese do Porto se digne a dar uma explicação", avançou.

O responsável pelo movimento referiu ainda que os grupos ligados à paróquia, como catequistas, leitores, acólitos e ministros da comunhão, se "demitiram" das suas funções por "tempo indeterminado".

"A população não via o padre como um mero administrador de sacramentos, mas como um amigo", salientou.

Sugerir correcção
Comentar