A350 XWB: o avião do futuro chega à TAP em 2017

O primeiro dos 12 aviões encomendado pela TAP só chega a Lisboa em 2017. O A350 chega tarde, mas promete: mais conforto e eficiência e 25% de poupança na factura com combustível.

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Airline office, o projecto pioneiro da Airbus tem um português a bordo

A 1 de Janeiro de 1914, um hidroavião levantou voo e atravessou a baía de Tampa, na Florida, EUA. Vinte e três minutos e quase 30 quilómetros depois entrava para a história como o primeiro voo comercial. Um ‘barco-voador’ de madeira, de aparência frágil, voou com apenas um piloto e um passageiro a bordo. Um século depois, a Associação Internacional do Transporte Aéreo (IATA) descreve o novo A350 como o avião que marca a próxima etapa na aviação civil, com mais conforto e eficiência, económica e ambiental.

É na fábrica da Airbus em Toulouse que todas as peças se juntam para finalizar o avião. Na luminosa linha de montagem final, um espaço de 74.000 m2, avista-se, na estação 40, o mais recente membro da família Airbus. É aqui que as asas se vão unir à fuselagem e daqui o avião sairá para os próximos passos: customização da cabine, pintura, instalação dos motores. O exemplar não é ainda uma 12 das aeronaves que serão entregues à TAP, num processo que se iniciará em 2017 e só terminará em 2019.

A primeira companhia aérea a receber o novo A350 XWB (extra wide body porque a Airbus cedeu ao pedido dos clientes por uma cabine maior) será a Qatar Arways, que encomendou 80 aviões, já no próximo mês de Dezembro. A Finnair será a primeira transportadora europeia a recebê-lo. Em Toulouse, Steffan Schaffrath, vice-presidente do departamento de comunicação da Airbus, revelou-se satisfeito com a procura pelos A350: 750 pedidos que permitiriam ao fabricante estar em plena actividade nos próximos sete anos sem aceitar novas encomendas.

O programa do A350 arrancou em 2006 e, apesar da derrapagem de 15 meses, continua a deixar a Airbus orgulhosa, sobretudo por ser mais rápido do que o do Boeing 787, que entrou ao serviço em 2011 com três anos de atraso. O “deslize” da Airbus, como lhe chama Steffan Schaffrath, provocou o atraso na entrega dos A350 à TAP (deviam chegar no final de 2015), que escolheu o modelo para substituir os A340 que voam na companhia há quase 20 anos. A compra vai permitir também reforçar a frota e abre a possibilidade de novas rotas para a transportadora portuguesa.

A Airbus garante ter chegado a acordo com a TAP sobre o novo calendário de entrega, mas não revelou se a mudança se traduziu numa compensação financeira ao cliente. Ao preço de catálogo, a companhia terá gasto 2,7 mil milhões com os novos aparelhos, mas os fabricantes efectuam descontos a encomendas feitas no início do processo. Nesta altura, a TAP está na fase de customização da cabine. É no centro mock up da Airbus, em Toulouse, que é possível aos clientes escolher os detalhes do seu avião, visitando uma réplica em tamanho real do A350, estacionado ao lado de outos membros da família Airbus.

Dentro do A350, dois aspectos saltam à vista: mais espaço para bagagem de mão e mais espaço para as pernas. A escolha por estruturas de assentos mais finas permite sentar mais passageiros sem abdicar do espaço, o que significa que reclinar as costas deixa de ser uma dor de cabeça para o vizinho de trás.

Experiência portuguesa a bordo
Em Toulouse, desde Março de 2011, engenheiros da TAP acompanham a construção do A350, atentos às especificidades de manutenção e aos testes de validação do mais recente avião da Europa. José Eduardo Moreira tanto está de fato e gravata em reuniões com as equipas da Airbus, como dentro de um avião, a acompanhar voos de teste. É o terceiro engenheiro da TAP presente na base de operações da Airbus e vai ficar até Março de 2015 no Airline Office, um programa criado para o desenvolvimento do A350 XWB. Juntamente com Eduardo Moreira estão engenheiros da Finnair, Lufthansa, Cathay Pacific e da Japan Airlines.

Para José Moreira, 40 anos, engenheiro de frota da TAP Engenharia e Manutenção, o A350 distingue-se pela inovação estrutural, com 53% de material compósito, mais leve e sem corrosão, quando comparado com o alumínio ou metal. José Moreira já voou a bordo do A350: “Foi um voo de 12 horas, de Toulouse a Toulouse. Muito tempo para ir a lado nenhum”, conta José. Na verdade, tempo gasto a ensaiar o funcionamento do novo avião. ”O nosso papel era testar tudo o que estivesse ao nosso alcance. A rede wifi, as idas à casa de banho, se conseguíamos dormir. No final, elaborámos um relatório com algumas propostas de alteração e algumas já foram feitas”, explicou ao PÚBLICO durante a visita a um dos aviões de teste do A350 estacionado no exterior.

É um avião com o coração exposto: há milhares de cabos à vista, tubos e computadores de teste. José Moreira prepara-se para dominar a manutenção do A350-900. “Os clientes querem que o avião esteja sempre no ar e não avarie. Além de querermos resolver o problema, queremos antecipá-los, porque se houver um problema e tivermos de contactar a Airbus temos de esperar por respostas. Isso quer dizer que o avião fica no chão”. O A350 já está certificado, depois de 20 dias a voar pelo mundo e a submeter-se a testes em condições adversas. Apto a percorrer longas distâncias - até 15 mil quilómetros sem escalas - o A350 vai permitir voar de Lisboa para qualquer parte do mundo, já a partir de 2017.

A jornalista viajou a convite da TAP e da Airbus

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