Sobe para cinco o número de mortos e para 233 os infectados

Casos continuam todos a ter ligação ao surto de Vila Franca de Xira. Cavaco Silva lamenta mortes.

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A doença do legionário não é rara em Portugal
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Nos últimos nove anos morreram 86 pessoas
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Fernando Veludo/NFactos

O director-geral de Saúde revelou na tarde desta segunda-feira que subiu para cinco o número de mortos e que os doentes infectados com legionella são já 233.

Segundo um comunicado da Direcção Geral de Saúde divulgado na tarde desta segunda-feira todos os casos continuam a ter ligação ao surto de Vila Franca de Xira. Há 38 pessoas que se encontram em Unidades de Cuidados Intensivos. 

Também nesta segunda-feira ficou-se a saber que um homem do Porto que trabalhou em Vila Franca de Xira, e que abandonou a zona a 18 de Outubro, terá sido a primeira pessoa (ou uma das primeiras pessoas) infectada pelo surto de legionella descoberto nos últimos dias. A revelação foi feita por Graça Freitas, subdirectora-geral de Saúde.

“O primeiro paciente é um senhor do Porto, que deixou Vila Franca no dia 18. Parece-nos que foi a primeira pessoa infectada no contexto deste surto”, disse Graça Freitas na TVI24, embora avisando que no caso da doença do legionário não é tão importante como noutras descobrir o paciente número um, uma vez que a legionella não se transmite de pessoa para pessoa.

O facto de este paciente não se encontrar em Vila Franca há 23 dias ajuda a perceber quando terá ocorrido o foco de infecção.

Graça Freitas, no entanto, disse que a Direcção-Geral de Saúde (DGS) ainda não percebeu se a bactéria se terá espalhado através das torres de refrigeração de fábricas ou do sistema de água, sabendo-se apenas que o surto está circunscrito às freguesias de Vialonga, Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa.

Estas novas informações surgem no dia em que foram identificados casos de doença do legionário em várias cidades de Portugal, como Castelo Branco, Barreiro e Porto, todos eles com "ligação clara" ao surto de Vila Franca de Xira, revelou à Lusa Francisco George, director-geral de Saúde.

De acordo com o responsável da DGS, estes casos têm todos ligações “temporais e espaciais” a Vila Franca de Xira, região onde foi identificado um surto causado pela bactéria legionella, que provoca pneumonias graves e pode ser mortal.

Além de Castelo Branco, Barreiro e Porto, existem outras cidades com casos de pessoas com esta doença, acrescentou o director-geral de Saúde, sem, no entanto, especificar os nomes dessas localidades.

Depois de na sexta-feira se ter conhecido um surto de legionella na zona de Vila Franca de Xira – que causou quatro mortos, havendo uma quinta vítima mortal a aguardar confirmação laboratorial –, nesta segunda-feira soube-se que a doença se alargou a outras cidades, embora sempre com ligação a Vila Franca de Xira, uma vez que não se transmite de pessoa a pessoa e só é contraída através da inalação de gotículas de água (aerossóis) contaminadas com bactérias. 

Logo de manhã, Francisco George confirmou que "há dois casos [de infecção por legionella] em Castelo Branco que têm ligação a Vila Franca de Xira". As duas pessoas estão internadas no Hospital Amato Lusitano. Segundo a RTP, são trabalhadores da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa que se deslocaram para Castelo Branco para a apanha da azeitona.

O responsável explicou ainda que a DGS teve conhecimento destes dois casos "desde ontem [domingo] de manhã". Já nesta segunda-feira, o director do hospital Amato Lusitano informou da existência de um terceiro caso em Castelo Branco.

Trabalhadores de fábrica de Vila Franca internados no Barreiro
Já depois desta confirmação pela DGS, a SIC Notícias avançou que há três outros casos de internamento no hospital do Barreiro, igualmente com ligações ao surto de Vila Franca de Xira. A Renascença acrescenta que há um quarto caso suspeito no Barreiro. O hospital local recusou dar explicações. O porta-voz afirmou ao PÚBLICO que "todas as informações serão prestadas pela DGS".

A amiga de um dos doentes internados no Barreiro disse à RTP que o homem trabalha numa fábrica de tubagens na zona de Vila Franca de Xira, tal como os outros dois internados no Barreiro. A mesma mulher disse ter informação de que há colegas de trabalho do seu amigo, que estão no Porto com os mesmos sintomas.

Entretanto, o delegado de Saúde do Barreiro confirmou que “os doentes trabalham todos numa empresa da zona de Alverca e residem no Barreiro”: “A população do Barreiro pode estar descansada e fazer a sua vida normal que não há nenhum problema", acrescentou Mário Durval.

O delegado de Saúde disse ainda que estão “quatro doentes internados no hospital do Barreiro, três já com análises confirmadas de legionella e um outro que, apesar de não estar confirmado, todos os indicadores apontam nesse sentido”.

Nos últimos dias a DGS tem tentado encontrar a origem do surto ao mesmo tempo que foram encerradas, por precaução, "as torres de refrigeração das principais fábricas da zona afectdad com vista a proceder à desinfeção e desincrustação da mesma", lê-se no comunicado divulgado no final desta tarde. Segundo a autoridade de saúde não existe "fundamento científico" que justifique o encerramento de escolas, já que a bactéria, em regra, não infecta crianças e jovens até aos 20 anos.

Mário Durval revelou também que dois dos doentes deram entrada no hospital a 5 de Novembro e outros dois neste domingo, dia 9. Todos se encontram “estáveis” e todos são homens com idades entre os 40 e os 50 anos.

A doença do legionário não é rara em Portugal. Entre 2004 e 2013, 1188 pessoas foram internadas — 86 delas morreram. O que é surpreendente desta vez é a dimensão do surto, considerado o maior de sempre em Portugal.

Cavaco lamenta mortes
O Presidente da República apelou esta tarde a que se confie “nas autoridades e em todos os que trabalham na área sanitária” porque estão a “dar o seu melhor para conseguir apoiar, ajudar, tratar aqueles que estão afectados”.

Cavaco Silva elogiou a atitude do Governo nesta matéria: “O sr. ministro da Saúde tem feito um excelente trabalho na explicação aos portugueses deste surto que, pelo que se diz, ultrapassa aquilo que é normal.”

O chefe do Estado, que no final de uma visita a Estremoz foi questionado pelos jornalistas sobre como tem estado a acompanhar o surto de legionella, disse “lamentar as mortes que ocorreram”, afirmando que a única  coisa que pode fazer é “dirigir uma palavra de solidariedade em relação às famílias”.  com Lusa

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