Novo telhado da Sé de Viseu gera polémica

No topo da Sé de Viseu está a ser construído um telhado novo que altera o volume deste monumento nacional. Direcção Regional de Cultura rejeita críticas.

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PAULO RICCA (arquivo)

A construção de um telhado na cobertura da Sé de Viseu está a ser objecto de críticas por alterar a volumetria do monumento e usar materiais que alguns consideram inadequados.

As obras em curso devem-se às infiltrações de água que estavam a afectar o imóvel, que foi classificado como monumento nacional em 1963 e começou a ser construído no século XII.

O projecto é da responsabilidade da Direcção Regional de Cultura do Centro. Está previsto um acrescento na cobertura, que será revestido com telha cor de barro e que ficará acima do nível das ameias. O facto de a volumetria da catedral ser alterada é uma das razões que tem motivado as críticas. 

“Funcionalmente, o telhado vai resolver o problema das infiltrações. O que é criticável é a forma como o acrescento está a ser construído, porque a cumeeira [ponto mais alto do telhado] poderia ter sido recuada. O vértice ficava mais escondido e visualmente não era tão chocante”, diz um dos críticos, o arquitecto Raul Albuquerque. 

Na sua opinião, o problema da drenagem das águas ficaria igualmente resolvido com esta solução, admitindo que o melhor até seria levantar a cobertura que a Sé já tinha, voltando a impermeabilizá-la. “Não seria a solução mais barata, mas não alterava o volume”, sublinhou.

As soluções adoptadas são também questionadas pelo Núcleo de Arquitectos da Região de Viseu. “Tratando-se de um monumento de interesse histórico e de identidade da cidade de Viseu, pensamos que as entidades que intervêm no património devem ter particular sensibilidade e responsabilidade, no que respeita a este tipo de intervenção”, informou a direcção daquela organização em comunicado.

A directora Regional de Cultura, Celeste Amaro, defendeu, por seu lado, que o telhado é uma “necessidade” para evitar as infiltrações e a degradação da própria catedral. “Não vamos descaracterizar o monumento. A estética ficará igual à que a Sé já teve antes nos anos 40/50, quando retiraram o telhado para deixar apenas uma cobertura. Está tudo aprovado pela Direcção Geral do Património”, acrescentou.

Celeste Amaro, que recentemente visitou a obra, afirmou que a solução foi a que os técnicos acharam mais viável e que evita que “daqui a cinco anos se tenham de fazer novas intervenções”.
“Estes são arquitectos e engenheiros do Estado português que estão habituados a intervir em monumentos nacionais”, sustentou.

Para a directora regional, as soluções devem ficar na mão dos especialistas e não de “um nome mais sonante”. Antes das críticas “deixem acabar a obra”, comentou, acrescentando que ela deverá ficar concluída dentro de um mês. 

A intervenção, que abrange a cobertura e exteriores, tem um orçamento de 240 mil euros e está integrada no projecto Rota das Catedrais.  A última grande intervenção na Catedral de Viseu verificou-se nos anos 50 do século passado.

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