Solução para os problemas dos media estará na morte de alguns?

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O cenário parece sombrio para os media portugueses. António Bernardo, responsável da Roland Berger Strategy Consultants para o mercado dos PALOP, acredita que a solução para que os media consigam enfrentar com sucesso os desafios colocados pela nova era digital é a consolidação do mercado, através da redução de players.

“A consolidação do sector tem que acontecer – ou pela saída de alguns, que podem fechar a porta, ou pela concentração dos actuais em menos grupos para ganhar dimensão e optimizar custos”, defendeu António Bernardo na conferência anual da ERC – Entidade Reguladora para a Comunicação Social.

A par deste novo desenho, os media nacionais devem investir em tecnologia e desenvolvimento da marca, e fazer parcerias estratégicas e de internacionalização, não tendo medo de fazer parte de “constelações internacionais com outros grupos” e aproveitar as oportunidade de crescimento em mercado de língua portuguesa. “Os desafios são grandes, e é necessário tomar decisões difíceis para reinventar o sector”, avisou.

Tendo acolhido parte destas recomendações, outros oradores da conferência levantaram dúvidas sobre a necessidade da consolidação. Daniel Proença de Carvalho, CEO da Controlinveste, dona do DN, JN, TSF, e sócia da SportTV, disse “compreender” a teoria.

“Mas não deixo de me preocupar enquanto cidadão. O mercado português já tem nesta área um grau de consolidação bastante elevado. Se vamos por aí, o pluralismo, a diversidade e a liberdade dos jornalistas torna-se cada vez mais escassa e difícil. Do ponto de vista puramente técnico e económico acredito que pudesse ser a solução possível, mas isso levanta problemas de direitos dos cidadãos e da sociedade”, afirmou. “É preciso ter cuidado nessa matéria. Há que evitar um fenómeno desses.”

Antes fora apresentado um estudo sobre “Públicos, tendências e consumo de media” em Portugal, que revelou que 75,8% dos utilizadores de internet lê notícias da imprensa no Facebook, muito acima dos valores registados noutros países europeus. O que deve levar as empresas de media a darem especial atenção às redes sociais como plataforma para divulgação de conteúdos, salientaram os oradores.

A conferência foi encerrada pelo ministro Miguel Poiares Maduro que defendeu que o digital “trará a médio ou longo prazo a sustentabilidade aos media”. Porque permite reinventar o modelo de receitas comerciais, facilita a cobrança de conteúdos e a produção de conteúdos pode ser mais barata. 

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