Num momento em são várias as notícias que dão conta de dificuldades de entendimento entre os principais responsáveis do Banco Central Europeu, o seu presidente, Mario Draghi, disse esta quinta-feira que “diferenças de opiniões são normais”, mas garantiu que não existem coligações dentor do conselho de governadores.

Na conferência de imprensa que deu em Frankfurt, Mario Draghi foi várias vezes questionado sobre a dificuldade em obter consensos no BCE numa altura em que o banco se começa a preparar para avançar para a polémica medida de comprar títulos de dívida pública. Nas últimas semanas, a Reuters noticiou que existem dificuldades de relacionamento entre Draghi e o presidente do banco central alemão, Jens Weidmann, e referiu que vários outros governadores estavam descontentes com o estilo de gestão do presidente do BCE, nomeadamente com o facto de este ter feito declarações públicas que não tinham sido objecto de discussão com o resto do conselho.

Mario Draghi respondeu agora a estas notícias com um trunfo na mão, que não se cansou de acenar. O comunicado publicado no final da reunião desta quinta feria tinha sido subscrito por todos os membros do conselho de governadores sem excepção e nele estava a mesma frase que Draghi tinha dito numa audição no parlamento europeu e que, de acordo com a Reuters, tinha provocado mal-estar entre os governadores: a de que o BCE esperava com as medidas não convencionais aplicadas aumentar o balanço do banco até ao nível em que estava no início de 2012.

A Reuters tinha também escrito que os governadores pensavam demonstrar o seu descontentamento em relação ao estilo de gestão de Draghi no jantar de quarta-feira que antecede sempre o dia da reunião mensal do BCE. Draghi disse que "o jantar correu muito bem, melhor do que o esperado" e garantiu que apenas tinham sido discutidas as políticas a seguir pelo banco central.

Além disso, o presidente do BCE fez questão de minimizar os eventuais conflitos que existem entre governadores. Disse que “diferenças de opinião são normais”, dando os exemplos do que acontece nos Estados Unidos, Reino Unido e Japão, e garantiu que, ao contrário do que referem algumas notícias, “não há qualquer divisão entre Norte e Sul” no Conselho de Governadores. “Não há coligações. As pessoas estão lá por elas próprias e são independentes”, afirmou Mario Draghi.

A partir de Janeiro, o BCE vai passar a publicar as minutas das reuniões do Conselho de Governadores, não se sabendo contudo se serão tornados públicos os sentidos de voto de cada um dos seus membros.