Consulta catalã: A cacerolada e o Supremo

Eram 22h quando pelas ruas de Barcelona começaram a ecoar tachos e panelas. Foi a resposta cidadã à decisão do Tribunal Constitucional, que na terça-feira suspendeu o “processo de participação cidadã” convocado pelo governo da Catalunha quando a mesma instituição suspendeu a consulta anteriormente marcada. A generalitat disse que “tudo segue como previsto” e a população pró-independência veio à janela armada com utensílios de cozinha.

Na terça, foi Francesc Homs, ministro da presidência, quem surgiu a dar a cara pela consulta, que, já se sabe, será organizada por voluntários. São estes que estarão nas mesas, atrás das urnas onde quem quiser pode depositar um boletim de voto com a resposta a duas perguntas: “Quer que a Catalunha seja um Estado?” e, nesse caso, “Quer que a Catalunha seja um Estado independente?”. Na quarta, o dia começou com Artur Mas, o presidente da generalitat, em público, num encontro com políticos e empresários.

Entretanto, conheceram-se os pormenores da denúncia enviada pelo governo da Catalunha ao Tribunal Supremo, onde se afirma que “o povo catalão expressou repetidas vezes a sua vontade de decidir o seu futuro político” e se acusa a posição do Governo espanhol de ser “contrária à prática internacional própria de países democráticos, como são os casos do Canadá com o Quebeque e do Reino Unido com a Escócia”, onde já se realizaram referendos sobre a autodeterminação.

Certo é que ainda nada está completamente fechado. O Constitucional dá opiniões a pedido do Governo, mas o Supremo pode dar ordens. O que significa que nos próximos dias pode ser decidido, por exemplo, que as mesas não podem funcionar dentro de escolas, como previsto. Certo é também que se votará: afinal as urnas e os boletins já estão espalhados por toda a região.

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