PS defende que Governo tem de "acompanhar processo da PT"

Principal partido da oposição assegura que o Executivo tem formas de assegurar que a venda da PT não prejudica os interesses estratégicos do país.

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Pedro Nuno Santos diz que as previsões do BdP e do Governo mostram "caminho errado" do país, Rui Gaudêncio

Apesar de não ser já accionista e mesmo sem o mecanismo da golden-share, para o PS existem formas do Estado português intervir no processo. “O PS não defende a nacionalização da empresa, mas o Governo tem, no mínimo, de acompanhar o processo e salvaguardar os interesses estratégicos de Portugal”, alerta.

O vice-presidente da bancada parlamentar do PS, Pedro Nuno Santos, avança desde logo com a capacidade do Governo “exercer influência enquanto Estado”. Mas não só. “O Estado é, indirectamente, um dos principais accionistas”, alerta o deputado.

Uma posição que o antigo secretário de Estado das Telecomunicações no Governo de José Sócrates, o deputado socialista Paulo Campos, corrobora. Na sua opinião, "o Governo poderia assumir a liderança do dossier”, por forma a garantir o “alinhamento dos interesses estratégicos” do país, juntamente com outros intervenientes.

Campos assegura que o Estado pode exercer pressão através do actual “maior accionista da PT, que é o Novo Banco” e aproveitando o peso dos fundos de pensões da Segurança Social. Somadas, estas duas participações, atingem 13% do universo de accionistas. A partir daí, o Estado poderia “procurar pontos de contacto com outros accionistas”, por forma a evitar que estes gerissem a sua posição, “não apenas do ponto de vista financeiro”.

Mas a capacidade de intervenção de um Governo não se esgota aí. Campos sustenta que o Governo pode também “procurar, junto dos potenciais compradores, perceber se estão disponíveis para se juntarem aos interesses estratégicos do país”.

Pedro Nuno Santos explica a razão pela qual o PS olha para a PT como uma empresa de interesse estratégico para o país. “É a mais importante empresa portuguesa em termos de investigação e inovação tecnológica”, justifica, antes de lembrar que a PT tem a seu cargo a “gestão de infraestruturas importantes para o país”. Elenca ainda a relevância da empresa para um considerável universo de PME’s e “o número de trabalhadores que emprega”.

No entanto, Paulo Campos não se mostra muito esperançado nessas possibilidades. O ex-governante apoia o seu cepticismo “em 3 momentos relevantes” em que os actuais governante desperdiçaram esse capital de influência:  quando desvalorizaram a manutenção da golden share na PT, aquando da fusão com a Oi e, por fim, na assembleia geral em que “entregou a PT à Oi sem acautelar a capacidade de intervenção do Estado”. 

Venda "abutre"
Já o BE exigiu esta segunda-feira uma acção rápida do Governo para impedir a venda da PT a um “fundo abutre”, como classificou a multinacional Altice, propondo a “apropriação pública” da empresa portuguesa.

“É necessário que o Governo tome uma acção rápida para não permitir o desmembramento da PT e essa acção rápida passa pela apropriação pública de 50% do capital, mais uma acção para poder controlar a empresa”, defendeu a coordenadora Catarina Martins.

A dirigente definiu a Altice como “um fundo abutre”, cuja função “é fazer o maior lucro possível no menor espaço de tempo” e considerou que a “perspectiva que se pode ter da Altice na PT é o desmembramento da PT, a sua venda às postas” e “milhares de despedimentos”.

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