F-16 portugueses escoltaram bombardeiros russos que sobrevoaram o Atlântico

NATO alerta para “níveis incomuns de manobras russas no espaço europeu". Entre terça-feira e quarta-feira foram interceptados vários aviões no oceano Atlântico, mar do Norte e mar Báltico.

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Uma imagem divulgada pelo Exército norueguês mostra um F-16 a escoltar um Tupolev TU-95 russo REUTERS/Norwegian NATO QRA Bodø

O ministro da Defesa disse esta madrugada que “o sistema funcionou na normalidade”, quando os caças F-16 da Força Aérea Portuguesa interceptaram e escoltaram dois aviões militares russos que se encontravam em espaço aéreo sob jurisdição de Portugal. A intervenção foi solicitada pelo comando da NATO, afirmou à Lusa José-Pedro Aguiar Branco, em visita à capital colombiana, Bogotá.

Vários aviões da NATO interceptaram esta quarta-feira aeronaves russas que sobrevoavam o espaço aéreo europeu, num conjunto de manobras militares aeronáuticas que a aliança considerou ter atingido “níveis incomuns”. Caças F-16 da portugueses também participaram nas operações de intercepção sobre o mar do Norte e o mar Báltico.

Entre terça-feira e quarta-feira, as aeronaves da NATO localizaram e interceptaram aviões russos em quatro ocasiões. Um porta-voz da NATO, citado pela Reuters, frisou que não houve violação do espaço aéreo de nenhum membro da aliança, ao contrário do que sucedeu na semana passada, em que um avião russo sobrevoou por breves momentos o espaço estónio.

Este tipo de intercepções no espaço aéreo internacional são "procedimentos normais", mas, segundo um comunicado da NATO, “a dimensão destes voos russos representa um nível incomum de actividade aérea sobre o espaço aéreo europeu”. Desde o início do ano, a NATO já interceptou aviões russos em cem ocasiões, o triplo do registado em 2013.

Das quatro operações comunicadas pela NATO, a mais longa envolveu quatro Tupolev TU-95 russos, acompanhados de quatro aviões-tanque de abastecimento que, logo às primeiras horas da manhã, sobrevoaram o mar da Noruega. Depois de serem identificados por F-16 noruegueses, dois dos TU-95 continuaram em direcção ao oceano Atlântico, seguidos de caças da Força Aérea Portuguesa, acabando por regressar ao espaço aéreo russo. Antes disso, os aviões portugueses tentaram estabelecer contacto, mas não foi obtida resposta – algo a que os aviões russos não estavam obrigados, uma vez que sobrevoaram sempre o espaço aéreo internacional. O TU-95 é um bombardeiro, mas também assume funções de vigilância aérea.

Como os aviões militares russos "não estavam a fazer a sua circulação nas condições necessárias em termos de tráfego aéreo internacional", o comando da NATO "solicitou a intervenção dos F-16" que "estão sempre em prontidão na Base de Monte Real", em Leiria, explicou Aguiar-Branco.

A outra manobra que envolveu caças portugueses prendeu-se com sete aeronaves russas que sobrevoavam o mar Báltico, já durante a tarde. Os F-16 portugueses integravam a Missão de Policiamento Aéreo no Báltico e localizou os aviões russos.

"A situação, com certeza, será objecto de avaliação por parte da NATO" e será no âmbito da NATO que "serão tomadas as medidas necessárias para acautelar este tipo de situações", disse Aguiar-Branco. "O que importa deixar muito claro é que o sistema funcionou", insistiu.

O alerta da NATO vem no quadro de uma degradação cada vez maior das relações entre o Ocidente e a Rússia, na sequência da crise na Ucrânia. A aliança acusa Moscovo de ter forças militares no país a apoiar os movimentos separatistas pró-russos, que controlam parte do território ucraniano. A Rússia nega qualquer envolvimento do seu exército no conflito e já avisou que se opõe a qualquer aproximação de Kiev à Aliança do Atlântico Norte.

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