O “pau” e a “cenoura” do mais vil terrorismo

O autoproclamado EI passou da violência das decapitações à farsa de um “turismo” encenado.

Kobani é um alvo e um símbolo. Para os que nesta cidade curda resistem às hordas de fanáticos, para os invasores do quimérico califado transformado em pretenso estado e para os que, de fora, em particular os Estados Unidos, têm vindo a apoiar a resistência contra o invasor. Por isso, os propagandistas do EI (o autoproclamado “Estado Islâmico”) resolveram agora usar um dos seus reféns, no caso um jornalista britânico, para encenar uma farsa que pretende passar por “revelação” da verdade do que ali se passa. Um dia depois de ter sido divulgado que os reféns do EI ou de facções terroristas na sua orla eram barbaramente torturados antes de serem assassinados perante uma câmara de vídeo, o assunto passou a ser um vídeo diferente: John Cantlie, jornalista britânico, surge nele a “explicar”, como numa reportagem da BBC ou da CNN, o que está à sua volta: ali a Turquia, ali um campo de refugiados, aqui um território já nas mãos do EI e sem reportéres ocidentais por perto. Mas quem viu Cantlie em fato cor-de-laranja, como os que envergavam todos os que até aqui foram mortos a sangue frio pelos fanáticos do EI, dificilmente acreditará que esse mesmo homem surja agora, voluntariamente, de mãos livres e voz convicta, vestido de negro, a troçar das forças ocidentais e a glorificar os feitos dos seus raptores. Há quem fale, já, na síndrome de Estocolmo (simpatia do sequestrado pelo sequestrador, um fenómeno comprovado já em diversas situações) para “explicar” o caso de Cantlie. Mas o que se conhece da acção terrorista do EI sobre todos os capturados mais depressa dirá que ali está sobretudo um homem, rebaixado nas suas crenças, a tentar manter-se vivo do que um “simpatizante” da causa dos assassinos que hoje o controlam e vigiam para amanhã, sem um mínimo de piedade, o executarem quando virem nele uma figura sem préstimo. O “turismo” encenado do EI é a “cenoura” que alterna com o “pau” da tortura e da morte.

Sugerir correcção
Ler 5 comentários