Dezassete cidades europeias juntam-se para ver um filme nos 25 anos da queda do Muro de Berlim

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O CPH:DOX – Festival Internacional de Documentário de Copenhaga – abre na próxima quarta-feira, dia 5, a sua 12.ª edição com a exibição de 1989, do cineasta dinamarquês Anders Østergaard, um filme que recua ao Verão de 1989, quando o então recém-empossado primeiro-ministro húngaro Miklós Németh decidiu abrir durante alguns dias a fronteira com a Áustria, pondo em movimento uma avalancha que alguns meses depois faria ruir o Muro de Berlim e apressaria o colapso do bloco soviético.

 

 

Justamente para assinalar o 25.º aniversário da queda do Muro de Berlim, o CPH:DOX decidiu transformar a exibição de 1989 num acontecimento à escala europeia. Através de parcerias com festivais de cinema e instituições culturais de diferentes países, o documentário de Østergaard vai ser simultaneamente mostrado, na próxima quarta-feira, em 17 cidades europeias, incluindo o Porto, onde será projectado a partir das 19h (com legendas em inglês) na Biblioteca Municipal Almeida Garrett, numa sessão especial do Porto/Post/Doc.

 

 

A sessão começa meia hora antes, às 18h30, com uma apresentação do festival Porto/Post/Doc pelo seu director, Dario Oliveira, e prossegue após a exibição do filme com a transmissão em directo, a partir de Copenhaga, da sessão do CPH:DOX, na qual estará presente o próprio Miklós Németh para discutir os acontecimentos históricos retratados no filme.

Anders Østergaard, cujo documentário anterior, Burma VJ (2009), sobre o levantamento de 2007 contra a junta militar que então governava a Birmânia, foi nomeado para um Óscar, explora novos caminhos neste 1989, combinando de forma inovadora imagens históricas e uma extensa recolha de testemunhos e diálogos que são recriados por actores, mas apenas na banda sonora. Os corpos que vemos são os dos verdadeiros protagonistas, em imagens de arquivo, o que implicou um laborioso trabalho de sincronização.  

O filme recria as intensas discussões à porta fechada que as lideranças dos vários países do Bloco de Leste mantiveram nesses meses cruciais, mas centra a narrativa nos testemunhos de dois protagonistas: o jovem primeiro-ministro húngaro e Gundula Schafitel, uma alemã de Çeste cujo marido, o arquitecto Kurt-Werner Schulz, é considerado a última vítima da Guerra Fria. O casal partiu para a Hungria no dia 19 de Agosto de 1989, decidido a aproveitar essa brecha provisoriamente aberta na Cortina de Ferro. Mas quando chegou, a fronteira já estava de novo fechada. Schulz não conseguiu esperar, tentou a sorte e foi abatido a tiro. Uma tragédia que comoveu Németh e contribuiu para que este se decidisse a reabrir a fronteira, agora a título permanente.

A sessão do CPH:DOX terminará com um debate sobre a Europa de hoje, que os espectadores do Porto também poderão acompanhar em directo. Participarão na discussão o investigador americano Jeremy Rifkin, perito nos impactos económicos, sociais e ambientais da revolução científica e tecnológica, a jornalista, economista e politóloga italiana Loretta Napoleoni, especialista nos sistemas de financiamento do terrorismo internacional, e o ex-primeiro-ministro dinamarquês Poul Nyrup Rasmussen, actual líder do grupo socialista no Parlamento Europeu.  

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