O que dizem as crianças

Algumas frases do relatório da Unicef sobre a pobreza em Portugal.

Sara, 15 anos, família recomposta

"Nós estudamos e estamos a trabalhar para o nosso futuro, são os nossos pais… que andam com o peso, eles é que andam sempre a pensar, tenho de trabalhar, tenho de fazer isto para que não falte comida lá em casa. E pelo que eu vejo, eles preferem dar aos mais novos do que terem eles (…). Eu sei que estão preocupados, mas não querem fazer ver".

Fernando, 14 anos, família numerosa, pai desempregado, minoria étnica, deficiência
"Quando não há comida, os meus pais fazem isto: deixam de comer para nos dar à gente".

Hugo, 14 anos, família nuclear
"Noto que o meu pai, como é professor trabalhava muito na escola, em casa já tinha tudo adiantado, e por isso em casa não fazia assim muito. Agora… anda sempre a receber emails... sempre a fazer mais trabalho em casa. E noto que ele se anda a esforçar cada vez mais e a trabalhar mais em casa".

Leonor, 15 anos, família monoparental
"A minha mãe trabalha na [nome da empresa] e depois também vai a um restaurante ajudar uma amiga, assim vai ganhando mais dinheiro (…). Depois, da parte da tarde volta para a [nome da empresa] e à noite vai para a universidade".

Daniel, 10 anos, pais desempregados
"A electricidade é assim, às vezes pagam os meus avós e o outro mês pagamos nós".

Gonçalo, 15 anos, pais desempregados
"A avó compra o leite para dar à mãe".

Alexandre, 16 anos, família monoparental, mãe desempregada
"Ela [a mãe] tem as tensões muito elevadas, dá-lhe tonturas e anda sempre a queixar-se que não pode comprar os medicamentos".

Inês, 12 anos, família numerosa
"(…) o meu pai adora comprar coisas de marcas brancas, porque agora é um bocado difícil com a crise (....) muitas vezes, quando eu vou às compras vejo os meus pais a comprarem a comida e sempre a verem qual é a mais barata".

Leonor, 15 anos, família monoparental
"Ela também comprava daqueles suminhos pequeninos para levar para meio da manhã. Agora tenho levado umas sandes para meio da manhã sem nada para beber".

Maria, 8 anos, família monoparental alargada, mãe desempregada
"(…) a minha mãe ficou sem trabalho (…). Ela decidiu tirar-me da natação, da ginástica, da música (…), do inglês".

Carolina, 11 anos, família nuclear
“Tenho medo de ficar pobre. Os meus pais ficaram os dois sem emprego e depois… e depois não terem dinheiro para pagar as coisas”

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