Estado Islâmico estará a treinar pilotos para voar aviões saqueados ao regime sírio

Militares americanos não confirmam informação adiantada pelo Observatório Sírio, que diz que os jihadistas estão a ser treinados por oficiais do antigo Exército iraquiano.

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O Estado Islâmico apoderou-se de várias bases militares na Síria e no Iraque Reuters

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos alega que o Estado Islâmico capturou três aviões da Força Aérea de Damasco e tem oficiais do antigo Exército iraquiano a ensinar jihadistas a manobrá-los. A informação não é confirmada, mas, a revelar-se verdadeira, seria uma estreia para um grupo cuja ambição rivaliza apenas com a sua brutalidade.

“Há pessoas que assistiram aos voos. Os aviões descolaram várias vezes, voaram para fora do aeroporto e regressaram”, contou à Reuters Rami Abdel Rahman, director da organização não governamental, referindo-se à base aérea de Al-Jarrah, nos arredores de Alepo, uma das três que os jihadistas conquistaram desde o início do ano no Norte e no Leste da Síria.

O responsável adianta que os aparelhos – segundo as testemunhas, caças Mig 21 e Mig 23 – voaram a baixa altitude, alegadamente para escapar aos radares da defesa antiaérea síria, e foram colocados no ar graças à assistência de pilotos do antigo Exército de Saddam Hussein, dissolvido após a invasão norte-americana, em 2003. A maioria dos seus oficiais pertencia à minoria sunita que então governava o Iraque e parte deles acabaria por se juntar aos radicais, alguns logo na sua génese, quando o grupo se identificava como o braço iraquiano da Al-Qaeda, outros mais recentemente, movidos pelo ressentimento gerado pelas políticas sectárias do Governo de maioria xiita.

“Oficiais que foram pilotos durante o regime de Saddam estão a supervisionar os treinos em Al-Jarrah”, assegurou Rahman, que não adianta pormenores sobre o número de jihadistas que estão a ser treinados e diz não ter informações sobre se os caças voaram armados.

Apesar da sua génese iraquiana, o Estado Islâmico usou a guerra da Síria para se armar e angariar combatentes, regressando às origens no final do ano passado para conquistar parte da província sunita de Anbar (Oeste). Já em Junho, lançou uma devastadora ofensiva no Norte do Iraque, que lhe abriu as portas de Mossul, a segunda maior cidade do país, saqueando bases militares abandonadas pelo Exército em fuga.

No Iraque os jihadistas apoderaram-se de armas e blindados vendidos recentemente pelos EUA a Bagdad, mas na Síria muito do material saqueado era já antigo. A Reuters recorda que os combatentes do Estado Islâmico divulgaram através das redes sociais fotografias de caças conquistados ao regime de Assad, mas peritos militares disseram tratar-se de aparelhos que, pela idade ou pelos danos sofridos, não seriam capazes de voar.

Confrontado com a informação adiantada pelo Observatório, que recolhe dados de activistas no terreno, o Comando Central americano (CentCom) diz “não ter conhecimento de que [o Estado Islâmico] esteja a realizar operações aéreas na Síria, ou em qualquer outro lado”. Um porta-voz do comando, que coordena a ofensiva aérea contra os jihadistas no Iraque e na Síria, assegura, no entanto, que “toda a actividade do grupo está a ser atentamente monitorizada”.  
 

   





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