Turquia nega que haja acordo para que os EUA usem bases perto da Síria para lutar contra jihadistas

As negociações ainda não terminaram, anunciou gabinete do primeiro-ministro em Ancara.

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Uma mulher vê o fumo da explosão causada pelos bombardeamentos em Kobani ARIS MESSINIS/AFP

Os Estados Unidos anunciaram que o Governo da Turquia lhes tinha dado autorização para usarem as suas bases aéreas perto da fronteira com a Síria para bombardear as posições do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), que há mais de uma semana ameaça tomar a cidade curda síria de Kobani. Mas Ancara fez saber entretanto que as negociações ainda não terminaram, desmentindo Washington.

O anúncio americano tinha sido feito pela conselheira de Segurança Nacional Susan Rice, mas o gabinete do primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, corrigiu-o, afirmando que apenas houve acordo para que fossem treinados opositores sírios moderados em solo turco. 

Washington tem pressionado a Turquia a assumir um papel mais activo na coligação contra os jihadistas que controlam uma vasta franja de território na Síria e no Iraque, mas Ancara tem resistido a envolver-se mais profundamente.

Durante dias a fio, os EUA bombardearam posições jihadistas mas não conseguiram evitar o quase cerco da cidade. Até agora, uma via permanece aberta, a que vai dar à Turquia. Se esta se fechar, centenas de civis, na maioria idosos, ficarão à mercê dos combatentes do EI, que têm tomado controlo de cidades massacrando a população civil.

Ainda que a ONU já tenha avisado para iminência de um massacre (um responsável fez mesmo a comparação com Srebrenica, na Bósnia, onde 8000 homens e rapazes muçulmanos foram massacrados por forças sérvias em 1995), os EUA manifestaram “profunda preocupação” . Mas o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, disse que Kobani não vai mudar a estratégia dos EUA e aliados, que mantêm como prioritária a campanha no Iraque – onde os jihadistas avançam controlando cada vez mais partes de Anbar, o que os aproxima cada vez mais de Bagdad.

Em Kobani, os fortes combates continuavam. Colunas de fumo saíam do centro da cidade, depois de os extremistas terem lançado obuses sobre ela. Os combatentes curdos que a defendem conseguiram avançar sobre um posto militar, mas não avançaram o suficiente para afastar os jihadistas.

Segundo o Observatório de Direitos Humanos, grupo sírio ligado à oposição ao Presidente Bashar al-Assad, e que tem monitorizado as baixas na guerra civil iniciada em 2011, o EI tem mandado para Kobani combatentes mais inexperientes e tem sofrido bastantes baixas.

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