"O MEC criou um monstro"

O presidente da Associação Nacional dos Professores Contratados considera que as consequências da Bolsa de Contratação de Escola têm uma gravidade que ainda não é possível medir e exige a publicação das listas de colocação.

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Professores em protesto Fernando Veludo/nFACTOS

O presidente da Associação Nacional dos Professores Contratados (ANVPC), César Israel Paulo, comentou este sábado o caso do professor que ficou colocado simultaneamente em 75 escolas afirmando que se trata “da prova” de que o Ministério da Educação e Ciência (MEC) criou um monstro”. “A Bolsa de Contratação de Escola [BCE] é um concurso absurdo e com consequências de uma gravidade que ainda não conseguimos medir, por o MEC não divulgar as listas de colocação”, afirmou, em declarações ao PÚBLICO.

César Israel Paulo frisa que não seria necessário este caso para se perceber que “a BCE não veio resolver, mas sim agravar os problemas que existiam no concurso de selecção de professores feito através das chamadas “ofertas de escola”, também polémico e destinado às 304 escolas com autonomia e TEIP (Território Educativo de Intervenção Prioritária). “Se os critérios definidos pelas escolas eram dúbios estes continuam a ser; se os professores concorriam aos horários que lhes convinham e ficavam colocados em vários, agora candidatam-se a todas as escolas do país e acontece-lhes o mesmo e em mais escolas, porque não se conhecem os horários; e se o processo de selecção era moroso, deste o que é se pode dizer? Por este andar, nem daqui a meses temos os professores colocados e os alunos com aulas”, comparou.  

Recordando que há inúmeras pessoas a concurso com colocações em horários aunais e completos em várias escolas do país (das quais terão de escolher uma, na qual se apresentarão até terça-feira), o dirigente da ANVPC frisa que o caso das 75 só vem tornar mais visível um problema que “está a afectar seriamente as escolas”.

“Com uma agravante”, disse: “O MEC continua a não divulgar as listas de colocação dos três concursos feitos através da BCE pelo que não há escrutínio possível. Só o próprio professor é que é notificado, pelo que esta pessoa das 75 colocações poderia ter ficado calada e apresentar-se numa das escolas para dar aulas a uma disciplina em que tem zero dias de tempo de serviço, ultrapassando milhares de outras. Os directores estão atolados de trabalho, desesperados com a falta de professores e já se queixaram de que o MEC não lhes dá meios para comprovarem a validade dos dados apresentados pelos docentes em fase de candidatura – quem é que nos garante que este professor não chegava à sala de aula?”, questionou.

Depois de detectado o erro na fórmula matemática com que foram ordenados e colocados os professores a 12 de Setembro, a ANVPC defendeu que o MEC anulasse a BCE e reordenasse os professores apenas com base na graduação profissional, como nos restantes concursos. O MEC contra-argumentou que isso iria contrariar o que está previsto na lei e insistiu no mesmo mecanismo de colocação.

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