Costa esteve com Cavaco mais de uma hora, mas não falaram de eleições antecipadas

“Falta muito diálogo em Portugal", afirmou o futuro secretário-geral do PS, em Belém, onde foi recebido, segundo a agenda oficial da Presidência, na qualidade de “candidato a primeiro-ministro”

O encontro surgiu porque houve “um encontro de vontades”, como explicou António Costa. E iniciou-se sensivelmente à mesma hora em que, no Parlamento, o novo líder da bancada socialista, Ferro Rodrigues, desafiava Pedro Passos Coelho a antecipar a data das eleições legislativas, previstas para o Outono do próximo ano. Em Belém, à saída do encontro com Cavaco Silva, António Costa garantiu que o assunto não foi tratado naquela reunião.

Este foi o primeiro encontro oficial com o Presidente da República depois da vitória de Costa nas primárias do PS, muito embora os dois tivessem participado nas cerimónias do 5 de Outubro – mas aí Costa estava presente na qualidade de presidente da câmara de Lisboa.

Aos jornalistas, Costa defendeu a utilidade de uma antecipação do calendário eleitoral para que se evite a mistura do calendário eleitoral com os prazos do “semestre europeu” que obrigaria, segundo Costa a que “quando se devia estar a apresentar o Orçamento do Estado, se está a apresentar um Governo”. "Já tenho dito publicamente que Portugal tem de acertar o seu calendário eleitoral normal com os calendários normais de elaboração de orçamentos e com os próprios calendários europeus. Como sabem a Constituição alinhou a existência das eleições com o mês de outubro. O calendário europeu deveria fazer com que saudavelmente o novo governo pudesse entrar em funções em finais de maio ou junho de forma a ter tempo de calma e serenamente preparar um orçamento para ser apresentado a 15 de outubro como é normal", argumentou.

“É sabido, tenho dito que é urgente que o país retome a confiança”, afirmou,  criticando os “factores de perturbação” que têm marcado as últimas semanas nos ministérios da Educação e da Justiça.

Sem querer adiantar os temas que abordou com o Presidente, Costa agradeceu a oportunidade do encontro: “É importante que os diversos agentes políticos possam falar e que falem, falta muito diálogo em Portugal e o diálogo é um factor importante para dar confiança para reforçar a tranquilidade e a certeza nas expectativas do futuro".

Questionado pelos jornalistas sobre a necessidade de convergência entre as forças políticas repetidas vezes sugerida pelo Presidente da República, o “candidato do PS a primeiro-ministro” – expressão que consta na página oficial da Presidência - António Costa afirmou: "Os consensos não são em abstracto. É como eu perguntar: ´quer fazer uma viagem comigo ?´. A sua resposta normal é: ´mas viagem para onde?".

 

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