James Brown, Hank Williams, Jimi Hendrix, Miles Davis: a invasão dos biopics musicais

Nos próximos tempos, teremos muitos “fantasmas” , de novo vivos e jovens, para reencontrar em tela.

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Jimi: All is by my Side tem André 3000, dos Outkast a fazer de um Jimi Hendrix acabado de chegar a Inglaterra, em 1966, e a caminho da grandeza
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Em Agosto estreou nos Estados Unidos Get On Up, que coloca Chadwick Boseman na pele do “Padrinho da Soul”, James Brown
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Em rodagem está Miles Ahead, que se debruça sobre a vida do mítico Miles Davis no final da década de 1970 - Don Cheadle é o intérprete

Os discos já não vendem mas, como sabemos, tal não significa que a música tenha desaparecido. Pelo contrário, está presente como nunca em todos os momentos do dia-a-dia (nos transportes públicos, em cafés e esplanadas, nas ruas, nos leitores portáteis que todos carregamos no bolso). Isso não implica, porém, que se tenha tornado mais importante. Precisamente o contrário: a sua banalização e a transparência trazida pelas redes sociais quase eliminou o mistério e dificulta a mitificação.

Talvez por isso passemos o tempo a olhar para trás, para as figuras maiores que a vida com que se criou a vasta iconografia pop. Certamente por isso, assistimos na última década a uma multiplicação dos filmes biográficos, alcunhados de biopics, sobre músicos e bandas. Existindo o mito, o carisma, existindo a música e uma boa história, e o sucesso fica (quase) garantido.

Nos próximos tempos, teremos muitos “fantasmas” , de novo vivos e jovens, para reencontrar em tela.  Em Agosto estreou nos Estados Unidos Get On Up, que coloca Chadwick Boseman na pele do “Padrinho da Soul”, James Brown – foi realizado por Tate Taylor, que assumiu algumas liberdades biográficas, e tem Mick Jagger como um dos produtores. No mesmo mês, estreou em Inglaterra o muito antecipado Jimi: All is by my Side, com André 3000, dos Outkast, no papel de um Jimi Hendrix acabado de chegar a Inglaterra, em 1966, e a caminho da grandeza.

Aguardemos, entretanto, pelo que se segue. Em 2005, acompanhámos a amor turbulento e redentor do Johnny Cash e June Carter em Walk The Line, dez anos depois chegará a versão cinematográfica da vida do ainda mais turbulento e incontrolável Hank Williams, figura maior da música country e um dos maiores ídolos de cash. I Saw the light, que é também título de uma canção de Williams, está neste momento em rodagem e conta com o britânico Tom Hiddleston (The Avengers, Thor) no papel do cantor que morreu em 1953, aos 29 anos (a realização é de Marc Abraham). Também em rodagem está Miles Ahead, que se debruça sobre a vida do mítico Miles Davis no final da década de 1970. O filme deve-se ao empenho de Don Cheadle (Boogie Nights, Traffic, Ocean’s Eleven), que assume o papel principal, a realização, o co-argumento e a produção. O início das filmagens, adianta o Guardian, só foi possível devido a uma campanha de “crowdfunding” através do qual foram reunidos cerca de 340 mil dólares (cerca de 270 mil dólares).

Se os títulos supracitados têm estreias garantidas, vários outros continuam a ser tão desejados quanto de concretização problemática. É o caso do biopic de Freddie Mercury de que tivemos notícias pela primeira vez em 2010. À época foi anunciado Sacha Baron Cohen como personagem principal, mas o criador de Borat acabou por afastar-se do projecto devido a conflitos com os Queen sobreviventes, que temiam que Baron Cohen, mais que encarnar Mercury, o parodiasse. Ben Whishaw foi o nome adiantado como substituto mas, até ao momento, as novidades escasseiam. Não há realizador, não há datas. Há o desejo que venha a ser realidade. O mesmo acontece com Get it While you Can, que nos contará a vida breve e intensa de Janis Joplin, voz da geração de 1960 morta prematuramente aos 27 anos – Amy Adams será Janis Joplin, diz-se, sem se dizer muito mais. Quanto a outro membro distinto do chamado “Clube dos 27”, Kurt Cobain, sabe-se que, depois de Last Days, biopic ficcionado dos últimos dias do vocalista dos Nirvana, realizado por Gus Van Sant, em 2005, terá direito a nova incursão cinematográfica. Courtney Love aprovou e Brett Morgen e Robert Evans serão os realizadores. O elenco é desconhecido, mas Morgen é ambicioso. Afirmou ao NME que o filme será o “The Wall desta geração” (incluindo a mistura de imagem real e animação).

Entretanto, continuaremos a fazer figas para que Martin Scorsese tenha tempo entre os seus múltiplos afazeres para se dedicar a um filme que só poderemos aguardar com muita ansiedade. Desde 2009 que se sabe que, eventualmente, o realizador contará a história do maior cantor americano do século XX, Frank Sinatra. George Cloony, Johnny Depp, Leonardo diCaprio e Al Pacino foram, alegadamente, nomes pensados para interpretar The Voice. Aguardemos. Biopics não faltam, é certo, mas este, o de Scorsese perante Sinatra, não poderá ser um biopic como os outros. Fica a dica para Scorsese: 2015 será um ano histórico – aquele em que Frank Sinatra completaria 100 anos.

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