Tropas somalis e da União Africana conquistam último grande porto controlado pela Al-Shabab

Confrontada com meios militares mais fortes, milícias têm abandonado combate convencional e apostado na guerrilha e em atentados.

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Forças da União Africana, na Somália Feisal Omar/Reuters-Arquivo

Tropas somalis e forças da União Africana conquistaram, este domingo, Barawe – último importante porto que ainda estava nas mãos da milícia islamista Al-Shabab.

Barawe, 200 quilómetros a sudeste de Mogadíscio, há seis anos nas mãos dos islamistas, era o principal objectivo da operação “Oceano Índico”, lançada no final de Agosto pela Amisom, força da União Africana, e pelo exército somali, com o objectivo de reconquistar localidades cujo controlo tinha sido perdido.

“A situação é calma e os militantes fugiram antes que as forças chegassem à cidade”, disse Abdukadir Mohamed Nur, governador da província de que que Barawe faz parte.

O porto era vital para a Shabab, associada à Al-Qaeda. Era dali que exportava carvão para países do Golfo, essencial para o seu financiamento. Segundo estimativas das Nações Unidas, as vendas de carvão exportado a partir de Barawe rendiam-lhe anualmente cerca de 19 milhões de euros.

Um comandante islamista disse no sábado, segundo um site pró-Shabab, citado pela AFP, que mesmo que perdessem a cidade os islamistas continuariam a combater as forças somalis e da UA nas redondezas. “O combate continuará e transformaremos a cidade no túmulo dos inimigos”, disse Mohamed Abu Abdallah.

Nos últimos três anos, a Al-Shabab foi sendo rechaçada, primeiro da capital e depois da maior parte dos seus bastiões. Confrontado com a superioridade militar da Amison, abandonou o combate convencional e tem apostado em acções de guerrilha e atentados. Mas continua a controlar vastas áreas de território. Nas zonas que domina faz uma aplicação fundamentalista da sharia, a lei islâmica.

Desde o início de 2014 atacou a Presidência e o Parlamento em Mogadíscio e desencadeou acções em países vizinhos que têm soldados na força africana, designadamente no Quénia e Djibouti.

As estimativas internacionais indicam que o grupo, que luta pelo derrube do governo somali apoiado pelas Nações Unidas, terá pelo menos cerca de 5000 combatentes. Há um mês, perdeu o líder supremo, Ahmed Abdi “Godane”, morto num ataque aéreo norte-americano.

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