PSD desafia Costa a ir a jogo, CDS pergunta por pactos de regime

Partidos da maioria querem que António Costa apresente propostas

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Nuno Magalhães: "Os modelos de grandes projectos do regime deu no que deu". Rui Gaudêncio

Cumprido o silêncio durante a disputa interna no PS, os partidos da maioria vieram esta semana desafiar António Costa a dizer o que pensa sobre problemas como crescimento económico ou o Tratado Orçamental. Mas fizeram-no com modos diferentes. Os sociais-democratas foram mais incisivos, os centristas mostraram-se mais suaves.

No Parlamento, o vice-presidente do PSD José Matos Correia deu voz à exigência do partido de trazer António Costa a jogo, depois de, na campanha interna do PS, o candidato se ter esquivado a dizer como é que vai resolver problemas como o das finanças públicas. “É uma exigência que temos que ter a de saber o que pensa o doutor António Costa e o que vai fazer. É que até agora aos costumes disse nada”, afirmou ao PÚBLICO José Matos Correia.

Uma postura que, no entender dos sociais-democratas, é insustentável por muito mais tempo. “Só faltava agora que se continue a esconder até ao congresso [28 e 29 de Novembro]”, apontou o dirigente social-democrata. Na declaração política desta semana, Matos Correia referiu-se à capacidade de “botar faladura” de António Costa enquanto comentador, mas de ser hábil a fugir por entre os pingos da chuva quando se trata de apresentar programa político. “O Tratado Orçamental, é para respeitar ou não?”, questionou.

Já o CDS-PP foi mais cordial. No PSD não passou despercebido que, no primeiro dia de declarações políticas após as primárias socialistas, a bancada do CDS tenha escolhido o salário mínimo e o IRS para tema. O desafio a António Costa a dizer ao que vem foi delicadamente feito através de uma pergunta a Ana Catarina Mendes, que puxou o tema das primárias para o plenário.

Nuno Magalhães, líder da bancada centrista, quis saber se António Costa mantém o entendimento sobre a necessidade de pactos de regime matérias como “consolidação orçamental progressiva” ou a “estabilização do Estado providência” que defendeu enquanto Presidente da Câmara de Lisboa. Uma pergunta sem mais comentários qualificativos sobre a postura de António Costa ao longo dos últimos meses.

Mas mesmo dentro do partido, esta linha de discurso oficial não foi a única. Nuno Melo, que é o primeiro-vice-presidente do CDS, veio dizer que António Costa “representa o pior de José Sócrates”. Uma crítica que, no entender dos centristas, é coerente com o discurso da campanha das europeias em que se tentou colar o PS de Francisco Assis ao ex-primeiro-ministro.

Apesar de não esconderem que António Costa é um adversário difícil, os centristas querem fazer passar a mensagem de que as legislativas não são favas contadas para os socialistas. “António Costa teve uma vitória do partido mas ainda lhe falta ganhar o país. Ainda está tudo em aberto”, afirmou ao PÚBLICO um dirigente centrista.

Embora o vencedor das primárias não tenha sido ainda claro sobre a futura política de alianças, o CDS não quer fechar portas. Em Lisboa, o CDS já fez um acordo com o presidente da Câmara que permitiu ao vereador João Gonçalves Pereira (na oposição) ficar como alto comissário de combate ao desperdício alimentar. 

Os líderes do PS e do CDS não são estranhos um ao outro. António Costa e Paulo Portas foram deputados na Assembleia da República na mesma altura e conhecem-se bem.

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