PCP considera que país assistiu a "encenação" nas primárias do PS

Comunistas dizem que a mudança de liderança socialista não é suficiente para mudar o seu "posicionamento e orientações políticas".

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António Costa votou na sede da FAUL, no Saldanha Nuno Ferreira Santos

O PCP considerou esta segunda-feira que o país assistiu a "uma encenação" do PS durante a campanha para as primárias do partido, das quais saiu eleito, domingo, António Costa, avançando que não há ruptura com a política traçada até hoje.

"Como o PCP tem sublinhado, a questão essencial e decisiva é, não a mudança de rostos ou estilos mais adequados para perpetuar a política de direita que o PS protagoniza, mas sim, e pelo contrário, a ruptura como rumo de declínio e submissão aos interesses do grande capital e à União Europeia e a construção de uma política patriótica e de esquerda que assegure a elevação das condições de vida do povo, o progresso social e o desenvolvimento soberano do país", explica o partido comunista, num comunicado enviado à agência Lusa.

Para o PCP, o desfecho da disputa das primárias, com a vitória de António Costa, que teve o dobro dos votos de António José Seguro, diz respeito ao PS e "à sua vida interna" e "não revela particularmente em matéria de opções, posicionamento e orientações políticas do PS".

Segundo o PCP, o país "foi obrigado" a assistir a "uma encenação" nos últimos meses, a qual revelou "a quase total identidade de propostas e projecto dos dois candidatos com o percurso e alinhamento do PS ao longo dos anos com a política de direita".

O vereador comunista na Câmara de Lisboa João Ferreira disse entretanto que caso o presidente renuncie ao mandato à frente da autarquia "não é de esperar que haja diferenças" entre a sua liderança e a do vice-presidente, Fernando Medina. "Em Lisboa, como no país, os problemas não são de caras, são de políticas", salientou, a propósito da eleição de Costa para candidato socialista a primeiro-ministro.

O vereador Carlos Moura, também do PCP (o partido tem dois mandatos na autarquia lisboeta), afirmou que a candidatura socialista de António Costa a primeiro-ministro e a presidência do município "não são incompatíveis e podem ser realizadas ao mesmo tempo". O autarca referiu que "esta não seria a primeira vez" que uma situação do género acontecia, comparando-a com o caso de Jorge Sampaio, que foi simultaneamente presidente da Câmara de Lisboa e secretário-geral do PS.

Notícia actualizada às 12h30 com declarações de João Ferreira e Carlos Moura.

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