Governo de Hong Kong diz que contestação estudantil é “ilegal” e promete acção “firme”

Polícia usa gás lacrimogéneo contra dezenas de milhar de manifestantes e detém 78 pesoas. Esta campanha de desobediência civil é a mais tenaz acção de protesto desde 1997.

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Os manifestantes mantém-se junto à sede do governo de Kong Kong Alex Ogle/Reuters
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XAUME OLLEROS/AFP

A polícia lançou gás lacrimogéneo contra as dezenas de milhares demanifestantes que continuaram neste domingo frente à sede do governo de Hong Kong, na sua maioria estudantes. Os manifestantes, que há três dias ocupam aquela área, prometem continuar a contestação até que o Governo chinês confira maiores liberdades democráticas a Hong Kong, uma “região administrativa especial”, e desista de escolher os candidatos ao governo local nas eleições de 2017.

"Vergonha, vergonha!", gritavam os manifestantes , enquanto se tentavam proteger das nuvens de gás lacrimogéneo, descreve a AFP.

A zona administrativa de Hong Kong tornou-se um verdadeiro caos neste domingo, descreve a AFP. Os manifestantes invadiram uma importante avenida e paralisaram uma parte do centro da cidade para denunciar a decisão de Pequim de não permitir eleições livres. Quando Kong Kong foi reintegrado na China, em 1997, depois de séculos como colónia britânica, o Governo de Pequim comprometeu-se a realizar eleições por sufrágio universal directo na região em 2017. Porém, em Agosto, o Comité Permanente do Partido Comunista (a estrutura que manda na China) anunciou que embora os cidadãos possam votar, serão as autoridades a escolher os três únicos candidatos ao lugar.

Tanto o Governo chinês como o chefe do governo local condenam fortemente os protestos, que consideram ilegais. Leung Chun-ying, o líder de Hong Kong, disse numa conferência de imprensa neste domingo que os manifestantes estão a usar meios ilegais para ameaçar o governo e que seriam tomadas medidas “firmes” para travar os protestos.

Leung garantiu que as eleições iriam avançar como planeado e declarou a sua “absoluta confiança no discernimento profissional da polícia”. Por sua vez, um porta-voz do Governo chinês, citado pela agência estatal Xinhua, anunciou que “o Governo central opõe-se veementemente aos vários actos ilegais que têm ocorrido em Hong Kong, pondo em causa o estado de direito e a ordem social”.

Os organizadores do protesto dizem que 80 mil pessoas participaram na manifestação junto ao edifício central do governo, galvanizadas pela detenção de estudantes na sexta-feira e sábado. Não existe qualquer estimativa independente sobre a participação no protesto, mas segundo a Reuters, esta campanha de desobediência civil é a mais tenaz acção de protesto desde 1997. A polícia deteve 78 pessoas até agora, segundo a Reuters, incluindo alguns líderes dos grupos que organizaram o protesto.

Durante a noite, uma das organizações de estudantes que está a organizar os protestos pediu aos manifestantes para que se retirassem das ruas, por recear a violência policial. Segundo a Reuters, alguns dos estudantes acederam ao apelo, mas milhares permaneceram no local dos protestos.

A polícia tem usado gás lacrimogéneo, gás-pimenta e os bastões para isolar o edifício do governo de Hong Kong. Os manifestantes muniram-se de guarda-chuvas, capas para a chuva, máscaras cirúrgicas e óculos protectores para tentarem defender-se das cargas policiais

Desafiando o cordão policial, este domingo os estudantes paralisaram algumas das ruas mais movimentadas de Hong Kong.

Para dia 1 de Outubro foi marcado uma manifestação no distrito financeiro de Hong Kong que os organizadores - os movimentos pró-democracia, liderados pelo grupo Occupy Central - querem que seja o maior protesto de sempre em Hong Kong.

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