Polícia de Hong Kong prende manifestantes pró-democracia que ocuparam a sede do governo

Está em curso uma campanha de desobediência civil contra as eleições limitadas de 2017. Uma grande manifestação foi marcada para dia 1 no centro financeiro.

Alex Chow, presidnete da federação de estudantes de Hong Kong, também foi um dos detidos
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Alex Chow, presidente da federação de estudantes de Hong Kong, também foi um dos detidos XAUME OLLEROS/AFP
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Os estudantes são a ponta de lança do movimento pró-democracia XAUME OLLEROS/AFP
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A segurança foi reforçada na sede do governo Bobby Yip/Reuters
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Os manifestantes protegeram-se do gás lacrimogéneo com chapéus de chuva XAUME OLLEROS/AFP
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O Occupy Central espera o maior protesto de sempre no dia 1 de Outubro no centro financeiro XAUME OLLEROS/AFP

Cresce a contestação em Hong Kong onde, neste sábado, a polícia prendeu 61 pessoas, na sua maioria estudantes, que ocuparam o edifício do governo em protesto pela decisão de Pequim em escolher os candidatos às eleições locais de 2017.

Desde segunda-feira que está em curso em Hong Kong, uma região de administração especial da China, uma campanha de desobediência civil marcada pelo movimento pró-democracia, liderado pelo grupo Occupy Central. Para a noite de sexta-feira, foi anunciada uma manifestação frente à sede do governo — juntaram-se mil pessoas, passando na manhã de sábado para 2000 com a chegada de estudantes do ensino secundário.

A sede do governo foi protegida com grades, mas a polícia não conseguiu impedir que um grupo os trepassasse e entrasse num edifício. Entre os detidos há adolescentes: um deles é Joshua Wong, um líder estudantil de 17 anos, diz o jornal de Hong Kong South China Morning Post, que refere que várias pessoas ficaram feridas sem gravidade.

A polícia usou gás lacrimogéneo para dispersar o protesto.

"A partir de agora vamos assistir a confrontos, que podem ser violentos, entre a polícia e os cidadãos", disse à AFP o analista político de Hong Kong Sonny Lo, para quem a ocupação do edifício do governo marca uma viragem na campanha contra as eleições limitadas.

Quando Kong Kong foi reintegrado na China, depois de séculos como colónia britânica, o Governo de Pequim comprometeu-se a realizar eleições por sufrágio universal na região em 2017. Porém, em Agosto, o Comité Permanente do Partido Comunista (a estrutura que manda na China) anunciou que embora os cidadãos, com o seu voto, escolhessem o novo governo, seriam as autoridades centrais a designar os candidatos e que estes seriam apenas três.

O movimento pró-democracia contestou a decisão e marcou a campanha de desobediência civil, de que fez parte uma greve de estudantes — um novo protesto está marcado para dia 1 de Outubro, no centro financeiro. Quarta-feira é feriado em Hong Kong e os organizadores esperam que seja o maior protesto de sempre no território.

"Não nos importamos de ser feridos, não nos importamos de ser presos. O que queremos é uma verdadeira democracia", disse um manifestante, Wong Kai-keung, à AFP. "A polícia tem de prender os ladrões, não os estudantes", gritaram os manifestantes junto à sede do governo local. Prevendo possíveis confrontos com os polícias mobilizados para o local, protegeram-se com capéus de chuva, capacetes e máscaras cirúrgicas.

Num comunicado emitido este sábado, a Occupy Central denunciou o uso de gás lacrimogéneo e condenou o "uso de força desnecessária". "Condenamos veementemente esta acção que não só viola o código de conduta da polícia mas também o direito à liberdade de expressão".

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