É preciso mais liberdade no uso de fundos comunitários para o combate à pobreza

No fecho do 13.º Encontro Europeu de Pessoas em Situação de Pobreza os participantes fizeram algumas recomendações à Comissão Europeia

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Pobreza em Atenas, uma cidade que enfrenta novos problemas

Mais confiança nas organizações não governamentais, menos carga burocrática, algum espaço de liberdade no definição dos projectos elegíveis para acesso aos fundos estruturais. Os pontos chave repetiam-se em Bruxelas esta quarta-feira na hora de apresentara algumas recomendações à Comissão Europeia.

Era o fecho do 13.º Encontro Europeu de Pessoas em Situação de Pobreza. Cerca de 150 delegados tinham passados os dois dias anteriores a discutir o financiamento do combate à pobreza e à exclusão social. Não houvera grupo que não tivesse mencionado a complexidade dos processos de candidatura; a dificuldade em dar continuidade às intervenções, por mais eficazes que se mostrem, porque os projectos têm prazos curtos e há obrigação de inovar sempre; o modo  como as estratégias definidas em Bruxelas fazem as organizações trocar o que tem sentido pelo que tem fundos.

A Estratégia Europa 2020 atribui aos fundos estruturais um papel concreto no combate à pobreza e à exclusão: tirar 20 milhões de pessoas dessa situação. Os Estados-membros são obrigados a canalizar para aí pelo menos 20% do Fundo Social Europeu, o mais antigo dos fundos estruturais.

Os delegados tinham-se dividido em cinco grupos e um deles tinha uma proposta muito concreta: pelo menos 1% dos fundos estruturais destinados ao combate à pobreza e à exclusão  deviam ter uma lógica diferente – as organizações que estão a trabalhar com as pessoas definiriam o que entendem ser preciso fazer naquele território e apresentariam os seus projectos.

“Têm razão quase dizem que não devíamos ser rígidos”, comentou Zoltán Kazatsay, director adjunto da Direcção Geral do Emprego, dos Assuntos Sociais e da Inclusão, da Comissão Europeia. Compreende que, até pelos públicos em causa, tem de haver alguma flexibilidade. A Comissão Europeia, porém, “não pode dar dinheiro às instituições, tem de ser através dos Estados”.

“Houve um grande nível de esperança”, dizia, a caminho da conclusão, Sérgio Aires, presidente da EAPN, no fim do encontro. "As pessoas em situação de pobreza estão cansadas ??de promessas vazias. A Comissão Europeia e o Parlamento Europeu devem agir para garantir que os Estados-Membros entregaram compromissos com um aumento na quantidade e na qualidade dos projectos que combatam a pobreza e a exclusão ", disse. "Esperamos uma supervisão rigorosa e relatórios sobre a forma como os 20% destinados à inclusão social vão ser usados e com a participação real das pessoas em situação de pobreza em todo o processo", prosseguiu. “As pessoas, mesmo cansadas e com fome, vieram aqui renovar a sua esperança na União Europeia. Queremos crescimento económico, mas crescimento inclusivo, através de emprego, mas emprego digno, estamos a viver um momento essencial na União Europeia e cabe aos intervenientes, eleitos e não eleitos, mostrarem o seu compromisso de fazer a mudança.”

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