Governo da Madeira acompanha acção de independentistas que desembarcaram nas Selvagens

Acção protagonizada por dois militantes do movimento Alternativa Nacionalista Canária visa contestar planos para prospecção de petróleo na zona.

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O protesto simbólico dura desde segunda-feira Carlos Lopes/Arquivo

O secretário do Ambiente e Recursos Naturais da Madeira afirmou nesta terça-feira que o governo madeirense está a acompanhar o caso dos dois independentistas das Canárias que desembarcaram nas Ilhas Selvagens e que apresentaram uma bandeira daquela região.

"O que se está a passar na Selvagem Pequena, que é uma ilha que dista 11 milhas da Selvagem Grande e que está a 163 da Madeira, é que dois indivíduos de nacionalidade espanhola, portadores de uma bandeira de Canárias, disseram que pretendiam falar com as autoridades portuguesas", declarou Manuel António Correia.

Um grupo de militantes da Alternativa Nacionalista Canária (ANC) "desembarcou" na segunda-feira nas Ilhas Selvagens, protagonizando um protesto simbólico de contestação às prospecções petrolíferas previstas na zona e de reivindicação de soberania sobre aquele arquipélago que fica mais próximo do arquipélago das Canárias.

O porta-voz do ANC explicou esta terça-feira à Lusa que a acção não pretende "abrir qualquer conflito com Portugal" — que tem a soberania sobre as Selvagens —, mas antes "sensibilizar os portugueses para o problema das prospecções petrolíferas".

Pedro Gonzalez reiterou que a ANC defende a independência do arquipélago das Canárias e que, nesse cenário, "se teria que conversar com Portugal", sugerindo que deve ser aplicada "a lei do mar e traçada uma linha mediana com a Madeira, o que colocaria as Selvagens em águas das Canárias", à semelhança do que acontece com Marrocos.

O secretário regional mencionou que o Parque Natural da Madeira, que funciona na dependência deste departamento do executivo madeirense, tem no momento duas pessoas (vigilantes da natureza) na Selvagem Pequena, território onde os independentistas desembarcaram, e outros três funcionários na Selvagem Grande, num total de cinco elementos.

"Na sequência destes factos, o Governo Regional está a acompanhar a situação, não só na perspectiva da gestão do espaço, mas também da integridade pessoal dos funcionários presentes na Selvagem Pequena", afirmou o governante.

Manuel António assegurou que "não houve registo de qualquer incidente de natureza pessoal até agora", fazendo votos que tal "não aconteça posteriormente".

O responsável salientou também que já foi prestada toda a informação disponível à Marinha Portuguesa e ao Governo da República, confirmando que "há um navio da Armada que vai já a caminho a fim de averiguar e avaliar a situação".

As Ilhas Selvagens estão mais próximas do arquipélago das Canárias do que do da Madeira (165 quilómetros a norte das Canárias e a 250 quilómetros a sul da cidade do Funchal) e este território tem estado no centro de algumas polémicas.

Vários Presidentes da República já se deslocaram a este sub-arquipélago da Madeira numa acção simbólica de demonstração da soberania portuguesa sobre este território.

 

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