Directores dizem que escolas públicas que inflacionem notas são “penalizadas”

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Ministério da Educação e Ciência garante que os alunos poderão permanecer nas escolas até às 17h30 Nelson Garrido

A Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) manifestou, neste sábado, dúvidas de que os estabelecimentos de ensino público inflacionem as notas internas, uma vez que são “penalizados” se tal acontecer.

“Inflação das notas não é a regra no ensino público porque se isso acontecer as escolas públicas são penalizadas na sua avaliação e seguramente os directores e os professores dessas escolas não quererão essa penalização, porque isso não é bom para as escolas”, disse Filinto Lima, presidente da ANDAEP.

O responsável reagia a uma das conclusões do relatório do Conselho Nacional de Educação (CNE), que acusou as escolas de promoverem práticas como a inflação de notas dos alunos para não prejudicar os resultados das classificações e facilitar a entrada no ensino superior.

“No ensino público, essas práticas se existirem são residuais”, adiantou, sublinhando que o relatório da CNE podia esclarecer se tal acontece mais no privado ou no público.

Filinto Lima explicou que um dos critérios de avaliação das escolas é saber se há uma grande diferença entre a nota dos exames e a aquilo que cada professor dá no final de cada período aos alunos.

“Se essa diferença for grande essa situação é penalizadora na avaliação da escola pública, por isso é que eu acho que os professores não querem o pior para a sua escola, querem o melhor”, sustentou

O presidente da ANDAEP recordou um estudo recente da Universidade do Porto que dava conta de que os alunos que saem da escola pública e entram na universidade estão melhores preparados e chumbam menos vezes do que os do privado.

Na introdução do relatório Estado da Educação 2013, divulgado pelo CNE, o presidente deste órgão consultivo do Ministério da Educação e Ciência (MEC), David Justino, identificou algumas práticas de escolas que levam os seus alunos a exames finais, sobretudo os do ensino secundário, fundamentais para o ingresso no ensino superior.

A primeira preocupação identificada prende-se com as escolas que “tendem a aumentar a retenção dos alunos de forma a não fazer baixar as médias das classificações de exame”, ou seja, evitando levar às provas finais aqueles que não estarão capazes de garantir bons resultados.

A outra preocupação tem que ver com a inflação das notas internas (resultantes do trabalho desenvolvido ao longo de todo o ano), tanto pela positiva, como pela negativa.

Sobre o aumento da retenção dos alunos para não baixar as médias das classificações de exames, o presidente da ANDAEP referiu que esta situação vai ter de ser combatida nas escolas onde tal aconteça através de “critérios justos e transparentes”.

O relatório concluiu também que Portugal continua a ter taxas elevadas de retenção e de desistência de alunos em todos os ciclos do ensino básico regular, apesar da evolução positiva entre 2002 e 2013.

Filinto Lima defendeu um “investimento forte no ensino básico” para as taxas de retenção baixarem.

“Um aluno que chega ao 5.º ano sem saber ler, escrever e contar é um aluno que, mais tarde ou mais cedo, vai acabar por abandonar o sistema”, disse ainda.

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