Seguro pede um aumento “estável” do salário mínimo, Costa sugere 525 euros

Os dois candidatos às primárias cumpriram esta quarta-feira mais um dia de campanha. O líder do PS escolheu Vila do Conde para passar a mensagem, António Costa ficou-se por Lisboa. Mobilização é a palavra de ordem.

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António José Seguro já pensa na formação de um futuro governo Rui GaudÊncio

A campanha para as eleições primárias no PS cruzou-se esta quarta-feira com o debate sobre o aumento do salário mínimo nacional (SMN) que, na opinião do secretário-geral, deve ter um aumento “estável” e integrado numa política de rendimentos.

No dia em que representantes do Governo e dos parceiros sociais estiveram reunidos para discutir o aumento do salário mínimo nacional (ver página 25), António José Seguro recusou sugeriu um valor para não entrar “numa competição de quem oferece mais”, porque o “valor deve ser encontrado em concertação social”.

Já António Costa, seu adversário na corrida às primárias, entende que o salário mínimo se deve situar nos 525 euros, já a partir de 1 de Janeiro, porque considera que a negociação do aumento deve ter em conta a interrupção originada pela crise.

De visita a Vila do Conde, António José Seguro foi questionado sobre o tema e declarou que o aumento deve ser integrado numa política de rendimentos, que seja estável, de modo a que os trabalhadores portugueses - mas também os empresários - saibam com o que contam para o futuro.

De resto, aproveitou a altura para criticar o Executivo de Pedro Passos Coelho pelo atraso desta decisão por questões eleitorais e declarou mesmo que se o salário mínimo nacional for aprovado devido à proximidade das legislativas do próximo ano, tratar-se-á de “ um triste exemplo do que é a política portuguesa”.

“Nós temos que ter acordos no nosso país que valham não apenas para o dia seguinte, mas para o futuro. É isso que eu insisti no sentido de não se agir em função da táctica política ou do ciclo eleitoral, mas que se aja em função da necessidade dos portugueses”, disse, citado pela Lusa.

António Costa, que esta quarta-feira andou em campanha por Lisboa, onde visitou a empresa tecnológica Tekever, instalada no Parque das Nações, voltou a defender a necessidade de Portugal “ter uma agenda para a década que dê um rumo ao país, mobilizando o conjunto de energias nacionais, desde as universidades, aos investidores e às empresas”.

Declarando que a “estratégia de desenvolvimento do país não pode assentar nem no empobrecimento, nem na multiplicação da austeridade, mas sim na qualificação”, Costa apontou a Tekever como uma “empresa exemplar da ligação da ciência à economia”.

Na sua opinião, que partilhou com os jornalistas, o presidente da Câmara de Lisboa apontou depois “vários bons exemplos no país” para afirmar que “se não houver uma política pública que valorize a educação, o ensino superior, a ciência, a investigação e a internacionalização, dificilmente os agentes privados podem de forma isolada “ expandir-se no mercado mundial.

A dez dias das eleições primárias, que vão ditar quem é que vai ser o candidato do PS a primeiro-ministro, as máquinas das duas candidaturas dão o tudo por tudo, tentando mobilizar as pessoas para o grande combate do próximo dia 28 de Setembro.

As eleições federativas deram a vitória aos apoiantes de António Costa, mas o secretário-geral veio reclamar mais votos. Segundo vários dirigentes socialistas, as eleições federativas acabaram, de alguma maneia, “por contaminar” a disputa nacional, um cenário que não se colocou, por exemplo, em Vila Real. Apoiante de Seguro, o militante Francisco Rocha venceu as eleições para a federação, no entanto, há muitos dirigentes intermédios e presidentes de concelhia que agora vão votar António Costa. Em oito presidentes de câmara socialistas, apenas o autarca de Montalegre está com o secretário-geral socialista.

“Os cadernos eleitorais das primárias já estão fechados, agora é preciso fazer com que as pessoas vão votar, sejam apoiantes de Costa, sejam apoiantes de Seguro, porque o objectivo é potenciar o PS para ganhar as legislativas de 2015”, declarou ao PÚBLICO um dirigente nacional-socialista.

Onde há grande mobilização e uma enorme expectativa em relação ao resultado das primárias é no Porto. José Luís Carneiro, um incondicional do secretário-geral do partido, ganhou as directas, mas são muitas histórias que se contam sobre o verdeiro número de votos que a sua candidatura alcançou, embora o número oficial seja 3749. Seguramente que desta vez vai haver muitos mais militantes a participar no acto eleitoral. Nas eleições federativas muitos dos apoiantes de António Costa tinham apenas uma preocupação: votar para os delegados ao congresso distrital

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