Passos Coelho ouve queixas do povo mas diz não estar em campanha eleitoral

Primeiro-ministro diz que em Portugal estão a ser criados mais postos de trabalho do que os que estão a ser destruídos com a crise.

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Passos Coelho afirmou que o desemprego em Portugal está a diminuir e que estão a ser criados mais postos de trabalho do que os que “são destruídos”. O primeiro-ministro ouviu e respondeu às queixas com as quais foi confrontado durante uma visita à Feira de S. Mateus, em Viseu.

Mas deixou o aviso de que ainda não está em campanha eleitoral. “Há-de haver uma altura em que trataremos da campanha eleitoral e em que trataremos de nos confrontar com o eleitorado para pedirmos o seu voto para um outro mandato”, disse, frisando ainda não ser esta a altura.

Passos Coelho disse preferir deixar por agora uma mensagem de esperança.

“Nós estamos a reduzir a taxa de desemprego. Sabemos que muitas pessoas tiveram de sair como saíram na Irlanda, na Grécia ou em Espanha, mas já estamos, felizmente, a criar mais empregos do que aqueles que são destruídos e é um motivo de esperança e é importante que as pessoas também saibam disso”, sustentou no final da visita.

Durante o percurso que fez na Feira de S. Mateus, várias pessoas interpelaram o primeiro-ministro, principalmente para se queixarem da falta de emprego, do aumento de impostos, dos cortes nos salários e dos sacrifícios que foram feitos nos últimos anos. Passos Coelho não fugiu às respostas, dizendo ser um “primeiro-ministro preocupado com as situações que se vivem no país”, mas que “trabalha muito” para que as pessoas possam ter “mais esperança no seu futuro”.

“Mesmo do ponto de vista da economia, se as pessoas não transportarem consigo essa crença, pode haver, como já houve no passado, muito dinheiro para investir e os resultados não serem aqueles que nós esperávamos. Durante muitos anos assim foi. Não faltou dinheiro para gastar e ficámos relativamente mais pobres que os outros, com mais desemprego e com mais problemas para o futuro”, disse.

Palavras que, ainda assim, não convenceram uma das transeuntes, que lembrou ao primeiro-ministro que as empresas estão a fechar, há mais pessoas a necessitarem de apoio e os jovens continuam a emigrar. Em resposta, Passos Coelho salientou que, desde o início do ano, o número de empresas que tem aberto supera o número de empresas que tem fechado, frisando que as pessoas não deixaram de ter apoio social. “Muita da despesa que o Estado vem despendendo nos últimos anos em apoios sociais e solidários tem vindo a crescer. O Estado não pode fazer as empresas nem dar dinheiro, mas pode representar uma função de apoio social importante para que as pessoas não fiquem desamparadas”.

Quem ouviu atentamente as explicações do primeiro-ministro não ficou convencido e, antes de prosseguirem, a marcha os desabafos foram saindo da boca de quem ia passando.

“Eu gostava de ver era pessoas como o senhor e essas pessoas todas que o senhor traz a ganharem 400 e poucos euros para pagarem renda de casa, luz, água e filhos a estudar”, ouviu-se no meio da multidão.

Antes de sair do recinto da Feira de S. Mateus, e confrontado pelos jornalistas se saía de consciência tranquila, Passos Coelho afirmou que, “quando se cria um certo clima de pessimismo, as pessoas por vezes afundam-se nele e nós temos a obrigação de não as deixar ficar sem essa esperança de que as coisas possam mudar quando, de facto, estão a melhorar”.

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