Para unir o PS, Coelho queria Seguro em São Bento e Costa em Belém

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Jorge Coelho fala num dia histórico Nuno Ferreira Santos

Seria a receita ideal do antigo ministro socialista e actual presidente da comissão eleitoral das primárias, Jorge Coelho, para voltar a unir o PS: ter António Costa como Presidente da República e António José Seguro como primeiro-ministro.

Em entrevista à rádio pública Antena 1, Jorge Coelho justifica que esta era a sua forma de contribuir para “tentar arrumar a casa” dentro do maior partido da oposição, referindo-se a declarações que fez em Março ao Expresso sobre a sua preferência por Costa para candidato a Belém (em Janeiro de 2016).

“Um [António José Seguro] ia para primeiro-ministro e o outro [António Costa], evidentemente, pelas características que tem, não o estou a ver a ficar na Câmara Municipal de Lisboa a vida toda. Acho que [Costa] é uma pessoa com enormes qualidades políticas”, elogiou Jorge Coelho, vincando mesmo que lhe reconhece “características daquilo que há de melhor na sociedade portuguesa”.

Não se coibindo de elogiar mais Costa do que Seguro embora se diga amigo dos dois há muitos anos, Jorge Coelho admite que tinha esta “grande preocupação” de conseguir “unidade” dentro do PS, ainda que António José Seguro, como líder do partido, pudesse não gostar de tal estratégia.

“Se calhar nem o secretário-geral António José Seguro, um amigo meu de sempre, a veria com bons olhos, não sei. Mas eu respondo por aquilo que digo e esta era a minha maneira de tentar contribuir para que houvesse calma e tranquilidade no PS”, justificou.

Porque o partido precisa de aparecer unido perante a opinião pública. “O PS, sob a liderança de António Guterres, na altura teve consciência de uma coisa: ou conseguia unir o PS ou não conseguia sair vitorioso no país. Porque as pessoas dizem assim: estão mas se eles nem conseguem tomar conta da casa deles, quanto mais tomar conta do país…”

Doze anos depois, é bom que os responsáveis socialistas percebam que essa “regra não mudou”, avisa Jorge Coelho. “E quem lidera o PS, seja agora, seja para o futuro, tem que ter essa noção. Essa obrigação de, respeitando a história do PS saber que este tem que ser um objectivo central: unir o PS” e fazer sobressair o “que de melhor o PS pode ter”.

O presidente da comissão eleitoral das primárias, antigo deputado e ministro, admite que o PS “está a viver tempos difíceis”, mas que isso é “inevitável” num processo eleitoral como este.

“Não vão ser umas eleições fáceis, não vai haver abraços e apertos de mão. São eleições difíceis, duras. Espero que a dureza [do debate e confronto entre candidatos] não ultrapasse aquilo que é fundamental, ou que fiquem feridas que fragilizem o PS no futuro. Tive e tenho esse receio. Tenho feito tudo para ajudar” a que isso não aconteça, garante. Por enquanto, considera que ainda não foram ultrapassados os “limites do debate político num momento de grande crispação interna”.

Depois de ter chegado na quarta-feira aos 80 mil novos simpatizantes, Coelho acredita que no final das inscrições possa conseguir chegar a 200 mil potenciais eleitores, entre militantes e simpatizantes. “É um número muito significativo na sociedade portuguesa porque nunca nenhum partido político teve a capacidade de mobilizar estas pessoas, estes números para uma eleição [interna].” Mas só inscrições não chegam: “Depois é preciso mobilizá-los para irem votar [no PS nas legislativas].”

Sobre eventuais fraudes, Jorge Coelho afiança que a comissão eleitoral que lidera “não deixa passar nada, nada, o que quer que seja” e que toda a gente no partido está ciente disso. Será um processo “totalmente transparente”, prometendo não ter “qualquer contemplação para quem quer que seja de qualquer candidatura que tente fazer o que quer que seja que torne o processo menos transparente”.

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