Sonae e Museu do Chiado lançam prémio multimédia de 40 mil euros

De dois em dois anos, o Prémio Sonae Media Art contemplará com 40 mil euros um artista português até aos 40 anos.

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Gonçalo Santos/Arquivo

Tem como principal objectivo incentivar a criação artística nacional na área da media art, isto ao mesmo tempo que procurará fomentar a captação de públicos para “formas de criação que desafiam as noções convencionais do conceito de arte”, lê-se no regulamento. O Prémio Sonae Media Art, uma parceria entre a Sonae (grupo proprietário do PÚBLICO) e o Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado, em Lisboa, é divulgado na quinta-feira, dia em que abre candidaturas à sua primeira edição.

Até 28 de Novembro, os interessados, de nacionalidade portuguesa e idade máxima de 40 anos, deverão fazer chegar ao Museu do Chiado um portfólio com três obras ou inscrever-se no novo site www.snoae-mediart.com. A partir da avaliação das três obras e currículo, um júri de selecção nacional constituído por Natxo Checa, curador e produtor da galeria ZDB, em Lisboa, Sandra Vieira Jürgens, crítica, historiadora de arte e editora, e Emília Tavares, curadora de Fotografia e Novos Media do Museu do Chiado, escolherá cinco finalistas a conhecer durante Dezembro próximo. Cada seleccionado receberá uma bolsa de criação de cinco mil euros para a produção de obras a apresentar em Novembro de 2015 numa exposição colectiva no Museu do Chiado. O vencedor do prémio de 40 mil euros será escolhido a partir dessa exposição por um júri constituído por Lori Zippay, directora executiva da Electronic Arts Intermix, de Nova Iorque, Marco Martins, realizador e encenador, e David Santos, director do Museu do Chiado.

“Este prémio abre novos horizontes aos artistas portugueses, especialmente num momento de retracção da promoção das artes”, disse ontem ao PÚBLICO o director do Museu do Chiado, David Santos, sublinhando que é “não só o único, mas o primeiro [prémio de media art em Portugal]”: “Nunca houve nada parecido. Creio que poderá ser muito importante, dado que vem preencher uma lacuna no contexto específico da produção de mixed media.”

Apesar de a maior parte dos prémios de artes plásticas estarem actualmente afastados de uma ideia de prática disciplinar específica, contemplando, em geral, obras produzidas numa multiplicidade de suportes, nenhum outro prémio nacional se dedica especificamente a práticas que cruzem vários suportes ou disciplinas. “Identificámos essa oportunidade”, diz Luís Reis, número dois da Sonae, empresa que em Fevereiro se tornou mecenas do Museu do Chiado. Nessa altura, falou-se já da criação do prémio na área da media art, sem adiantar o valor ou outros pormenores.

Segundo este responsável, o valor do prémio “foi estabelecido tendo em conta outros prémios internacionais nesta área e o panorama artístico nacional”: “Queríamos que fosse um valor que permitisse ao vencedor prosseguir com a sua obra, assegurando condições na alocação de tempo para dedicar à arte.”

“O objectivo é promover aqueles que constituem a nossa comunidade, promover o desenvolvimento do contexto artístico em Portugal”, diz por seu lado David Santos.

No entanto, ao prémio não poderão concorrer os artistas de nacionalidade estrangeira radicados em Portugal. É o caso de vários artistas de outras nacionalidades europeias ou oriundos, por exemplo, dos PALOP, e integrados no meio artístico português. São excluídos à partida por um regulamento que determina que os candidatos deverão ter nacionalidade portuguesa.  

Questionado pelo PÚBLICO, David Santos reconhece que o regulamento poderia ter contemplado essa nuance. Já Luís Reis, da Sonae, ressalva que o grupo é multinacional. “Nesse sentido, [a Sonae] procura que as suas iniciativas tenham impacto e âmbito transnacional. No entanto, neste caso, e sendo a primeira edição, era importante centrar nos jovens talentos nacionais.”

Segundo este responsável, “no futuro”, o Prémio Sonae Media Art poderá vir a “alargar o seu âmbito”. 

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