Passado, presente e futuro

No debate (algo renhido), Seguro focou-se mais no presente e no passado; Costa apontou mais para o futuro.

Para o primeiro, a magra vitória nas europeias deveu-se, não à sua incapacidade para se diferenciar da direita, mas sim à herança de Sócrates: "Os portugueses culpam o PS pelo estado do país". Mais, para Seguro, a fraca diferenciação face à direita deveu-se também à herança de Sócrates e, nomeadamente, ao acordo que assinou com a troika.

Aqui, Costa foi muito claro a explicar a contradição na invocação da herança de Sócrates: o compromisso de não acompanhar medidas além da troika, assumido pelo anterior líder, teria legitimado uma atuação a contrario da que teve Seguro.

Acresce que, para este último, a vitória nas europeias afinal não foi assim tão fraca porque, no passado, o PS também teve magras vitórias nas europeias e acabou por ganhar as legislativas. Pelo contrário, Costa explicou que, para se mudar de políticas face à direita, o PS precisa de uma vitória bastante mais expressiva, seja absoluta ou não, para, por um lado, poder derrotar claramente a atual liderança do PSD (e do CDS), e para, por outro lado, na eventualidade de necessitar de uma coligação, não ficar refém dos seus aliados, à esquerda ou à direita.

Onde Seguro marcou pontos e de algum modo "encostou" Costa às redes foi quando escalpelizou as contradições (passadas) do segundo quanto à votação do orçamento de 2012 e quanto à política de alianças com o PSD. Se Costa se quer afirmar com clareza, de modo a ser capaz de protagonizar uma mudança de políticas, terá de ser mais assertivo quanto ao rumo desejável a seguir em matéria de política de alianças.  

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