Chumbos e abandonos aumentaram nos últimos três anos

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No secundário a taxa de retenção em 2013 foi a mais baixa neste século Miguel Nogueira

Não foi só o número de pessoas envolvidas no sistema de educação que entrou em perdas nos três anos lectivos que coincidiram com a implementação das medidas negociadas por Portugal com a troika. Os resultados da escola nacional também pioraram: nesse período, a taxa de retenção e desistência dos alunos do ensino básico aumentou, ao mesmo tempo que decresceu a taxa de conclusão de cada um dos ciclos de estudo. Estes dados contrariam aquela que vinha sendo a tendência da década.

A taxa de retenção ou desistência aumentou nos três ciclos do ensino básico nos últimos três anos. No primeiro ciclo, chumbaram, em 2012/2013, 4,9% dos estudantes – mais 1,6 pontos percentuais. Em 2010/2011, este nível de ensino tinha registado, precisamente, o seu valor mais baixo da taxa de retenção ou desistência. Esta inversão da tendência coloca os índices actuais mais próximo dos níveis de 2005/2006 (4,4).

Esta realidade é acentuada pelos resultados registados nos restantes dois ciclos do ensino básico. Quer no 2º quer no 3º ciclos, as desistências dos alunos tinham registado os valores mais baixos de sempre antes da entrada da troika em Portugal. Agora, esse indicador subiu 5,1 pontos no 2º ciclo, para se fixar em 12,5% e, no 2º ciclo, atinge 15,9%. Ainda que este seja habitualmente o ciclo de estudos onde este indicador tem um nível mais alto, crescendo 2,6 pontos percentuais em três anos.

Quando a comparação é feita com o início da década, percebe-se que esta evolução recente contraria o que vinha sendo a tendência de melhoria dos indicadores nacionais relativos ao número de estudantes que perde o ano ou desiste dos estudos. A taxa de retenção estava, em 2002/2003, 2,7 pontos mais baixa o 1º ciclo, 2,3 pontos no 2º ciclo e 3,2 no 3º ciclo.

No mesmo período, o número de alunos que conseguiram concluir o ensino básico diminuiu. 95,1 terminaram o 1º ciclo (menos 1,6 pontos do que em 2009/2010). 87,5% acabaram o 2º ciclo (menos 5,1 pontos do que três anos antes) e 84,1 o terceiro (menos 2,6 pontos). No ano passado, 125 mil estudantes concluíram o ensino básico, menos 47 mil do que em 2010/2011 e menos 82 mil do em 2008/2009, ano lectivo em que se registou o número mais alto desta série.

Contrariamente o que acontece no ensino básico, os indicadores relativos ao ensino secundário melhoram ao longo destes três anos. A taxa de retenção está em 19%, menos 1,8 pontos do que em 2009/2010, o que é mesmo o melhor resultado desde o início do século. A taxa de conclusão fixa-se em 81%, mais 2 pontos do que três anos antes. No ano passado, 116 mil alunos concluíram o secundário, mais cinco mil do que em 2010/2011.

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