Ordem lamenta quebra de candidatos aos cursos de Engenharia

O bastonário da Ordem dos Engenheiros defende que a falta de engenheiros pode comprometer o plano de infraestruturas e a internacionalização das empresas de construção.

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Rui Gaudêncio (arquivo)

O bastonário da Ordem dos Engenheiros considerou hoje preocupante a redução de candidatos aos cursos de engenharia civil e defendeu que a falta de engenheiros pode comprometer o plano de infraestruturas e a internacionalização das empresas de construção. "É preocupante que uma área, que é promissora para o país e que tem sido responsável por grande parte da internacionalização da nossa economia, tenha sofrido o baque que teve, com taxas de ocupação muitíssimo abaixo do que seria expectável", disse Carlos Matias Ramos.

Para o bastonário da Ordem dos Engenheiros, esta redução do número de candidatos aos cursos de engenharia é tanto mais preocupante quando existe intenção do Governo de implementar o plano estratégico de infraestruturas de transportes, um investimento de mil milhões de euros por ano. "Sem engenharia civil não se pode concretizar este plano", disse Carlos Matias Ramos.

O bastonário reagia desta forma aos dados das candidaturas ao ensino superior, divulgados este domingo, e que dão conta de nova quebra no número de alunos que procuraram os cursos de engenharia, e que se fez sentir especialmente nos cursos de engenharia civil. Os cursos de engenharia abriram 9022 vagas, o mesmo número de lugares disponibilizados em 2013, mas este ano houve menos 401 estudantes a optar por um curso desta área como primeira opção, face aos 5904 que o fizeram em 2013.


O número de colocados também baixou dos 5596 em 2013 para os 5302 em 2014, o que se traduz numa redução da taxa de ocupação dos 62% para os 59%, tendo sobrado 3724 vagas das mais de nove mil em concurso. Dos 73 cursos que não tiveram qualquer candidato, a maioria (46) são na área da engenharia.

Carlos Matias Ramos atribui a quebra de candidatos aos cursos de engenharia civil, que já vem de anos anteriores, a uma "desinformação grande" que gerou na sociedade a ideia de que estes cursos já não dão emprego. A crise imobiliária que afectou Portugal é apontada pelo bastonário como outro aspecto que tem contribuído para a quebra, uma vez que havia muitos engenheiros ligados a essa área.

"A ideia que passa é que não há emprego, o que é falso. Há desemprego como em todas as áreas, mas, comparando com outros cursos, verificamos que a taxa de emprego é elevadíssima e permite que, em alturas de crise, os jovens possam desempenhar a sua actividade também fora do país", sublinhou. "O que vai ser da internacionalização das nossas empresas de construção se dentro em breve não tivermos profissionais de engenharia civil que respondam às necessidades dessas empresas", questionou.

Dando como exemplo a taxa de desemprego para os engenheiros civis formados pelo Instituto Superior Técnico (IST), que se situa nos 4%, Carlos Matias Ramos adianta que não há taxas de desemprego superiores a 10% nesta área. Para o bastonário, esta imagem não está a ser bem apresentada aos alunos do ensino secundário. Por isso, a Ordem dos Engenheiros pretende promover iniciativas nas escolas "para dar uma imagem diferente da realidade do país".

Carlos Matias Ramos disse ainda que a exigência de os candidatos aos cursos de engenharia terem obrigatoriedade de notas positivas às disciplinas de matemática e física, limita à partida o número de alunos que podem candidatar-se, por causa das notas que em média são negativas nestas matérias. "É uma situação que devemos encarar com muita seriedade. Isto é também responsável por alguma quebra de alunos para estas áreas de engenharia", disse.

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